Em discurso na Câmara Federal, o deputado César Halum (PRB-TO) disse que os jogos têm potencial para arrecadar cerca de R$ 15 bilhões por ano, e segundo as previsões do governo, o orçamento para 2016 prevê um saldo negativo de RS$30,5 bilhões. Dessa forma, a legalização dos jogos de azar poderia formar parte da estratégia federal para tirar o País da crise.
Segundo a ONU, 75,52% dos seus 193 países-membros têm o jogo legalizado e regulamentado. Entre os 156 países que fazem parte da Organização Mundial do Turismo, 71,16% legalizaram a prática, sendo que dos 45 países que não o fizeram, 75% são islâmicos e, portanto, motivados pela religião.
A seguir, a entrevista na íntegra com o senador Donizeti Nogueira (PT-TO).
Sputnik: Sobre o dinheiro vindo dos jogos de azar, da legalização eventual dos bingos, cassinos, caça-níqueis e jogo do bicho, qual é sua estimativa para a quantidade de verbas que essa medida poderia arrecadar para o País?
Sobre o que a presidenta conversou ontem (17), eu acredito que vai ser motivo de debate no Congresso; há posições favoráveis e contra. A comissão que está cuidando da Agenda Brasil também está debatendo isso, e eu acredito que pode ser uma saída que vá dar retorno para esse momento de crise, mas não com essa amplitude [incluindo caça-níqueis, jogo do bicho etc.]. Eu penso que tem que ser restrito aos jogos nos cassinos, no formato que funciona em alguns lugares do mundo, nas unidades de conservação ambiental.
S: Essa proposta, nos termos em que o senhor a coloca, seria suficiente para evitar ou atenuar a volta possível do CPMF?
Além disso, penso que a CPMF pode funcionar como uma radiografia da movimentação financeira, que vem inibir a sonegação e o desvio de recursos. Porque, se tramitou nos bancos, vai estar contribuindo, apesar de não ficar quebrado o sigilo fiscal de ninguém. Mas você sabe que aquela empresa, aquele cidadão movimentou aquele dinheiro, que vai ter que aparecer na prestação de imposto de renda dele. Então, acho que [a CPMF] é benéfica, justa, porque a gente pode tirar dos que têm para contribuir com a saúde, com a educação, com os programas sociais que são tão necessários para o desenvolvimento do País.
S: Os jogos de azar estão proibidos no Brasil desde 1946, por um decreto-lei do então Presidente Eurico Gaspar Dutra, sob o argumento de que o jogo seria “degradante para o ser humano”. Muitos acreditam que a esposa do presidente, Carmela Dutra, teria exercido uma grande influência nessa decisão, sendo motivada por uma devoção religiosa à Igreja Católica. O senhor acredita que a bancada evangélica, hoje, teria alguma influência ou resistência à proposta de legalização dos jogos?
Então, sobre a resistência das igrejas, ou de setores das igrejas, eu penso que nós estamos vivendo outro tempo. A Igreja Católica, por exemplo, tem um Papa ultramoderno, revolucionário… Não sei qual é a visão dele sobre isso, mas ele tem sido vanguarda em questões que a Igreja Católica no mundo inteiro vinha considerando dogmas, os quais o Papa Francisco, de forma muito justa e humana, tem quebrado. Penso que o papel das igrejas, na verdade, será de conscientizar as pessoas, de continuar animando espiritualmente as pessoas, mas não se pode, por causa de um tabu, ou de um preconceito, atravancar o desenvolvimento do País.
S: O senhor estará presente na conferência climática COP 21, que será realizada no final do ano em Paris?
DN: Eu tenho previsão de estar na COP 21. Sou da comissão de meio ambiente do Senado e sou da comissão de mudanças climáticas.
S: E o senhor pretende apresentar lá essa proposta?