O território de 160 mil km² está sob domínio guianense, mas a Venezuela reivindica a posse da região.
Para o especialista do Inest – Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense, Fernando Almeida, apesar de este encontro ser um avanço, ainda não haverá entendimento entre a Guiana e a Venezuela sobre o território de Essequibo.
Segundo o especialista em Relações Internacionais, desde 1966 a Venezuela tem direito à discussão da propriedade dessa região. Conforme o acordo, a administração ficaria com a Guiana pelo tempo original de quatro anos, de 1966 a 1970, para então ser feita uma nova delimitação territorial. O período expirou, e a partir de 1982 a Venezuela não quis mais a negociação dentro dos termos do antigo acordo.
“O que se retoma, no marco desse tratado de 1966, é rever qual a posição da posse daquela região. Para a Guiana, é um território muito grande – ela tem 215 mil km² de área, e cerca de 160 mil km² estão em disputa pela Venezuela.”
Depois de quatro meses de tensão entre os dois países, após o encontro no domingo (27) com Ban Ki-moon, a Venezuela e a Guiana concordaram com a volta de seus embaixadores aos seus postos, de onde tinham sido retirados. E Nicolás Maduro e David Granger decidiram participar de uma comissão da ONU sobre o conflito.
Através de nota, o presidente da Venezuela disse que a reunião foi difícil e tensa, mas aceita reestabelecer as relações com a Guiana pelo caminho da paz.
Na última semana, a Venezuela chegou a enviar tropas para a região de fronteira, mas o Governo afirmou que se tratava apenas de um exercício militar. Mesmo assim, o fato gerou resposta por parte da Guiana, que enviou no sábado (26) militares para Essequibo.
Nesta segunda-feira (28), depois do encontro no final de semana com o secretário-geral da ONU, o presidente da Venezuela anunciou que uma comissão da Organização das Nações Unidas chegará em breve a Caracas para mediar a disputa territorial com a Guiana.