“A maior parte da província de Kunduz já quase durante cinco meses está sob controle de talibãs. Recentemente eles lançaram uma ofensiva que resultou na conquista de grandes povoações… E agora eles alcançaram o centro da província. Em Kunduz os talibãs libertaram 900 prisioneiros, saquearam instituições estatais e estrangeiras e queimaram os edifícios… Grupos de militantes com cerca de 50 efetivos irromperam em dois hospitais da cidade. Eles buscavam pretensamente militares afegãos que estão sendo tratados. Segundo os rumores, uma enfermeira foi vítima deles.
Ainda não se pode falar de ofensiva em massa do exército afegão. As suas tropas estão a dois quilômetros da cidade, perto do aeroporto, assim como na parte central da cidade… (quer dizer que estão de fato cercados pelos militantes). As divisões do exército afegão estão instaladas em algumas cidades da província de Kunduz que não foram conquistadas por talibãs”.
Agora em Kunduz foi anunciado estado de sítio. Segundo as palavras do interlocutor da Sputnik, a população civil tenta escapar da cidade, mas há informações de que as vias perto da cidade estão controladas pelo Talibã. Em resultado do ataque terrorista há pessoas gravemente feridas, diz o jornalista de Kunduz:
“Segundo as informações do Departamento da Saúde Pública da província, centenas de habitantes chegaram aos hospitais pedindo ajuda médica, mais de 140 pessoas foram hospitalizadas em estado grave. O seu número cresce, não há lugares nos hospitais e os feridos não podem ser transportados para outras cidades”.
“Kunduz tem papel geopolítico e estratégico importantíssimo. A província tem fronteira com o Tajiquistão e as grandes províncias afegãs. Os talibãs estavam se preparando lá há muito tempo. A maior parte dos nossos funcionários colabora com eles e, infelizmente, o governo central não prestou atenção aos avisos dos habitantes de Kunduz sobre um possível ataque.
Mas algumas semanas atrás a mídia local, alegando palavras dos ativistas civis, informava sobre a ameaça de conquista da cidade e avisavam que, além do Talibã, em Kunduz atuam militantes da al-Qaeda e Estado Islâmico. O governador local prometeu lidar com a situação, mas não fez nada. Hoje o povo não confia no governo e não espera receber ajuda por parte dele.
Aqui também surge uma pergunta: de onde os militantes obtêm tantas munições e como eles entraram na cidade se Kunduz é controlada de todos os lados porque tem fronteira com tais províncias como Mazar-e Sharif, Badahshan e Tajiquistão?”.
A situação é instável no Afeganistão desde há uma década e meia, quando, em 2001, a OTAN (junto com os EUA) interferiu na guerra civil. Em 2015, houve vários anúncios de retirada do contingente militar dos EUA e da OTAN. Já na sexta-feira passada, a pasta da Defesa estadunidense mostrou vacilação sobre se as tropas americanas permanecem ou abandonam o país.
O movimento militar Talibã lançou uma ofensiva de grande escala no Afeganistão em Abril, apesar das tentativas contínuas das autoridades do país de efetuar negociações de paz. Em Maio, os militantes cercaram a cidade de Kunduz.