Diretor do o curso preparatório para as provas de ingresso no Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o Professor Mielniczuk lembra que Putin, na ONU, teceu fortes críticas aos Estados Unidos e ao Presidente Barack Obama por sua política contrária ao Presidente Bashar Assad, e declarou que “o combate eficaz ao Estado Islâmico na Síria só pode ser alcançado com a permanência de Assad no poder, e tendo ele o apoio da comunidade internacional”.
Mielniczuk disse ainda que a Síria sem Bashar Assad pode se transformar numa nova Líbia pós-derrubada de Muamar Kadhafi, ou seja, um Estado sem qualquer configuração política.
Sobre o início das ações da Rússia no cenário conflagrado sírio, o especialista em Relações Internacionais observa:
“Logo após o começo da ação militar russa na Síria, várias fontes ocidentais de informação começaram a divulgar que os russos estariam, na verdade, atacando as forças moderadas e não o Estado Islâmico, para proteger o regime do Assad. Mas é engraçado que, nesses mesmos relatos, quando se fala em forças moderadas, um dos grupos que foram atacados pelos russos é exatamente a Al-Qaeda. É como se os americanos estivessem dando suporte para a Al-Qaeda em algumas regiões da Síria, onde eles estão operando contra as forças de Assad para tentar enfraquecer o regime.”
O Professor Mielniczuk continua a analisar a atitude da Rússia em relação aos Estados Unidos no conflito sírio:
A respeito da atualidade líbia, Fabiano Mielniczuk a compara com a situação da Síria, e afirma:
“A Líbia é um ex-Estado, é um Estado falido. A Líbia existia como Estado quando era governada pelo Kadhafi. É claro que ele era um ditador, mas durante muito tempo ele foi muito útil para os europeus, que compravam petróleo de Kadhafi e pediam a ele que controlasse o fluxo de imigrantes do Norte da África até a Europa.”
“Depois da derrubada do Kadhafi”, acrescenta o Professor Mielniczuk, “o que aconteceu na Líbia foi que ela foi partilhada por uma série de grupos de poderes locais que dificilmente se entendem a respeito de uma Constituição para o país. Há vastos territórios controlados por guerrilheiros que foram armados pelos ocidentais e hoje estão atuando a favor do fundamentalismo islâmico. A situação da Líbia hoje é muito complexa, com muita gente morrendo ainda em decorrência de uma intervenção desastrada do Ocidente que derrubou Kadhafi e deixou um vácuo de poder.”
“Por isso é que a postura da Rússia desde o início da crise na Síria é de não permitir que aconteça um vácuo de poder”, observa Fabiano Mielniczuk. “A Rússia apoia o Governo sírio, apoia uma transição para uma etapa posterior, mas faz bastante tempo que os russos não apoiam Assad. Apoiam, sim, que membros da sociedade e do Governo participem do Governo de transição, mas não há uma postura da Rússia de defender unilateralmente a permanência do Assad, assim como há, sim, uma postural unilateral do Ocidente de defender a saída dele.”
O Professor Mielniczuk explica a decisão da Rússia de enfrentar o Estado Islâmico: