Tatiana Palermo: As sanções impostas pela Rússia contra produtos da União Europeia, dos EUA, Canadá, Noruega, é claro que abriram novas oportunidades para os produtos brasileiros. Em 2014, nosso comércio na agricultura cresceu 30%, mas dada a situação econômica na Rússia e a queda nos preços de commodities, assim como outros indicadores econômicos, este ano os números foram 30% menores quando comparamos com 2014. Nós realmente perdemos este ano em termos de valor de exportação, mas aumentamos nossa participação nas importações russas em agricultura. Nós nos tornamos o segundo maior fornecedor de produtos agrícolas da Rússia após a Bielorrússia, que faz parte da União Euroasiática, e é difícil competir com um vizinho que está muito mais próximo. Portanto depois do país vizinho, nós somos o maior fornecedor de produto agrícola da Rússia.
Sputnik: Sendo o Brasil o segundo maior fornecedor de produtos agrícolas da Rússia, vocês teriam interesse em estabelecer uma zona de livre comércio com a União Euroasiática?
TP: Nós adoraríamos. Nós somos os principais incentivadores dessa proposta. Essa ideia está em nossa lista de acordos que estamos discutindo com o Mercosul e quando discutimos com o ministro da agricultura da Rússia, nós mencionamos isso como nosso objetivo para iniciar as negociações, que, formalmente, ainda não foram iniciadas.
TP: Ainda é uma iniciativa, uma ideia muito preliminar sugerida pela Índia, está na declaração, mas ainda não discutimos os detalhes. É uma boa ideia. Nós trouxemos o nosso presidente da Embrapa, nossa principal instituição de pesquisa que revolucionou toda a agricultura do Brasil. É como nós administramos a produção de 206 milhões de toneladas de grãos este ano, e a Rússia, nós sabemos, produziu 100 milhões de grãos, tendo um grande potencial, e nós temos um grande potencial para a cooperação. A China produz ainda mais, mas consome praticamente todos grãos que são produzidos. E nós somos grandes exportadores importantes, principalmente de soja e milho no caso do Brasil.
Sputnik: Você disse que está em uma fase preliminar. Quando é que poderemos verificar resultados concretos?
TP: Acho que é hora das nossas instituições de pesquisa sentarem junto à mesa. Nós já estamos estabelecidos na China. Nós temos o laboratório chamado “World Show”, onde pessoas trabalham e já possuem uma cooperação muito próxima. O ministro da Agricultura da Rússia nos disse que estará visitando o Brasil no início do ano que vem e a delegação sentará com a Embrapa para negociações, então eu acho que inicialmente devemos conversar literalmente para depois discutir projetos em conjunto, porque nós temos que entender o que podemos fazer, quais projetos podemos fazer.