Na Suécia, país que está fornecendo os aviões de caça Grippen destinados a modernizar a Força Aérea Brasileira, Dilma fez importantes pronunciamentos, entre os quais a confirmação de que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, permanecerá em seu cargo, e a notícia de que o Mercosul tem já pronto um acordo de livre comércio para propor à União Europeia.
Especialista em Europa, o Professor Carlos Frederico Coelho, da PUC – Pontifícia Universidade Católica, do Rio de Janeiro, e do Instituto Unilasalle, de Niterói, afirmou que é sempre útil buscar apoio e investimentos externos quando a situação política interna atinge o grau de elevação verificado no Brasil. Para ele, Dilma retornará da Europa com boas notícias para o Brasil, anunciando investimentos suecos e finlandeses no país.
Carlos Frederico Coelho: A viagem da presidente à Suécia e à Finlândia é mais uma tentativa de trazer uma agenda positiva para o Governo. Começou com a viagem para os EUA, e depois veio a viagem de Angela Merkel ao Brasil. É normal que presidentes em crise busquem agenda internacional para tentar se proteger. Em relação à Suécia, o Brasil tem uma relacionamento mais próximo em razão da compra que fez junto à Suécia dos caças Gripen que vão equipar a Força Aérea Brasileira. Quanto à Finlândia, a relação econômica entre os dois países é bastante diminuta, e a visita configura uma ação de cortesia de um chefe de Estado a outro.
S: As últimas avaliações negativas das agências internacionais de classificação de risco tornam mais difícil a captação de recursos externos para o país?
CFC: Sem dúvida alguma. Mesmo antes do rebaixamento da Standard & Poor's e desse “minirrebaixamento” da Fitch. Esses rebaixamentos fazem com que fundos de investimentos, que são legalmente obrigados a investir apenas em países que têm grau de investimento, não vão poder mais investir no Brasil, e isso é um problema. Não é à toa que o Brasil está vendo o aumento do investimento da China, onde a decisão certamente é mais centralizada e não passa por este tipo de crivo. A situação econômica é ruim, aponta para uma continuação da piora, e ao que tudo indica não atingimos o fundo. O que causa preocupação para a frente é a aprovação ou não da CPMF. É considerado o maior teste do Governo, sem dúvida alguma. Se ela for aprovada, pode ser que tenhamos um moderado otimismo em relação aos investimentos; se não for aprovada, fica tudo ainda mais complicado. Certamente o Brasil vai perder a nota de investimento não só na Fitch como na Moody's também, e aí a situação vai se deteriorar bastante.
CFC: O único argumento que eu não absorvo é a ideia de um mau pagador. Como eu entendo, as agências atribuem graus de risco diversos ao investimento. No momento em que se perde o chamado grau de investimento, o que essas agências estão indicando é que há um risco maior em investir no Brasil e isso certamente vai afugentar os investidores.