Tal como já se esperava, a coligação PSD/CDS (de centro-direita e defensora do Tratado Orçamental da UE) com 102 assentos no Parlamento, não foi capaz de garantir a formação de um governo maioritário. Se o líder da coligação PSD/CDS for indigitado para primeiro-ministro, o seu governo, por não ter a maioria de deputados, deverá cair logo nas primeiras semanas, visto que os restantes partidos (de centro-esquerda e extrema-esquerda), por possuírem a maioria de assentos (123), já mostraram intenções de o derrubar.
Após a reunião do presidente com os líderes do Partido Socialista (PS) e do Bloco de Esquerda (BE), realizada ontem (20), o líder socialista António Costa deu ao país a notícia que colheu todos de surpresa: os três partidos de esquerda (PS, PCP e BE) chegaram a acordo para apoiar ou integrar um governo de esquerda liderado pelo próprio António Costa. Ainda não se sabe se os comunistas irão ter pastas no futuro governo, mas irão com certeza fazer valer algumas das suas ideias na governação.
De assinalar ainda o seguinte: como forma de chegar a consenso com o PS, o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda prometeram não colocar em causa nesta fase uma questão que durante os últimos 39 anos tem dividido socialistas e comunistas – a aceitação dos tratados europeus, do euro e da OTAN. O acordo tácito entre os três partidos foi deixar estes temas de parte na formação do novo governo de esquerda. Esta é uma mudança muito significativa na postura do PC português.