O WikiLeaks publicou nesta semana os documentos de John Brennan, diretor da Agência Central de Inteligência (CIA) norte-americana.
No seu e-mail privado que ele usou para trabalhar em vários projetos relacionados com a inteligência em 2007 e 2008 há uma carta datada de maio de 2008 de Christopher Bond, vice-presidente do Comitê Seleto do Senado sobre a Inteligência que propôs proibir a tortura mas continuar a interrogar "detidos de alto valor."
Bond enumera os métodos que devem ser proibidos:
"Forçar o detido para ser nu, realizar atos sexuais, ou posar de uma forma sexual; colocar capuzes ou sacos sobre a cabeça do detido e usar fita adesiva sobre os olhos; aplicar espancamentos, choques elétricos, queimaduras ou formas semelhantes da dor física; ‘suplício da banheira’ [afogamento simulado]; usar cães militares treinados; causar hipotermia ou lesões de calor; realizar simulações de execuções e privar o detido de alimentação adequada, água ou cuidados médicos".
Além disso, na carta de 2007 John Brennan deu recomendações para "quem quer que resida em 1600 Pennsylvania Avenue [a Casa Branca], em janeiro de 2009", negociar com Teerã. Brennan criticou a república islâmica pelo seu apoio aos terroristas, mas também elogiou os esforços dos diplomatas iranianos em negociações no Afeganistão pós-Talibã.
Em outro documento de julho de 2007, Brennan propôs reformas dentro da comunidade de inteligência dos EUA. Uma das sugestões é estender o prazo de mandato do diretor da CIA e do Diretor de Inteligência Nacional para 10 anos.
Isso eliminaria esses cargos do "ciclo de nomeações políticas partidárias" e "asseguraria a continuidade necessária no comando da inteligência dos EUA", escreveu.
O grupo de hackers Anonymous também divulgou fragmentos de vários documentos, incluindo um relatório composto por Louis Tucker, diretor de minoria do Comitê Seleto do Senado sobre a Inteligência.
Tucker relata que ele viajou para a Índia, Afeganistão e Paquistão, com quatro colegas, visitando uma série de cidades e funcionários. Ele reclamou que o Comando Central dos EUA (CENTCOM) em Bagram, no Afeganistão "tinha permanecido fortemente ignorante" da viagem em cada etapa.
"Todos a que nós falamos no Afeganistão e no Paquistão confessaram que eles não sabiam nada da estratégia global do governo norte-americano para a região", escreveu Tucker.
Eles também recomendam os EUA para evitar ataques transfronteiriços no Território Federal das Áreas Tribais (FATA) do Paquistão, uma vez que assim eles arriscaram alienar o governo paquistanês da opinião internacional.
Por último, mas não menos importante, o grupo pediu aos legisladores para se obstar a "enviar mais tropas" porque seria um caminho para o desastre sem uma estratégia.