"Infelizmente, não há uma força central [na Síria] com a qual se poderia cooperar. (…) Todas as dificuldades derivam deste fato", disse ele.
A guerra civil vem fracionando a Síria desde 2011, com as tropas do governo lutando contra diversos grupos da oposição armada, incluindo as organizações militantes de radicais islâmicos como o EI.
Desde o último dia 30 de setembro, a Rússia tem conduzido ataques aéreos de precisão contra posições do EI no país árabe. A operação é fruto de um pedido direto de Assad, que continua sendo a única autoridade legítima da Síria, ainda que largamente hostilizado pelos países ocidentais, sobretudo pelos EUA.
Segundo os resultados das eleições gerais para presidente realizadas na Síria em 2014, a legitimidade de Assad foi respaldada com 88,7% dos votos, apesar das críticas feitas por observadores internacionais do Ocidente e do fato de que quase um terço do país estivesse sob o controle de grupos opositores, para não mencionar as dificuldades óbvias de se realizar um pleito em meio à brutal guerra que forçou quase metade da população a abandonar suas casas.
Além disso, o porta-voz do Kremlin afirmou que a Rússia também pretende discutir a luta contra o terrorismo com os Estados Unidos e com países do Oriente Médio, incluindo as autoridades sírias.
"Isso exigirá, naturalmente, a troca de opiniões com as autoridades sírias legítimas – o Presidente Assad e seus representantes (…). O lado russo consistentemente convida ao diálogo e convida à cooperação os Estados regionais [do Oriente Médio], os Estados Unidos e os outros Estados que participam desta operação antiterrorista", sublinhou Peskov.
Desde o início da campanha aérea russa, cerca de 930 ataques foram realizados na Síria, matando centenas de militantes e destruindo dezenas de centros de comando e depósitos usados pelos terroristas.
No início de outubro, o embaixador sírio na Rússia, Riad Haddad, confirmou que os ataques aéreos russos estavam sendo realizados contra organizações terroristas armadas e não contra civis ou facções da oposição política na Síria, contrariando alegações nesse sentido veiculadas por parte da mídia ocidental.
A coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, por sua vez, bombardeia as posições do EI na Síria desde 2014, mas sem a aprovação do Conselho de Segurança da ONU ou de Damasco.
O objetivo, para os EUA, parece às vezes superar em importância o de acabar com o extremismo do Estado Islâmico – este sim, impossível de se resolver com o diálogo.