De acordo com os pesquisadores, a grande vantagem do larvicida é que ele é sustentável, não causa riscos ao meio ambiente e nem à saúde humana e consegue matar em até 24 horas as larvas do mosquito Aedes Aegypti, vetor da dengue.
De acordo com os últimos dados do Ministério da Saúde, já são quase 1,5 milhão os casos de dengue em 2015 em todo o Brasil – o maior número da história, superando o total de casos registrados em todo o ano de 2013, quando houve a maior incidência da doença, que foi de 1.452.489 casos.
De acordo com Hayne da Silva, diretor da Farmanguinhos, unidade da Fiocruz que desenvolveu a tecnologia, esse pesticida é um importante avanço no combate ao mosquito, para controlar a atual epidemia da doença.
“Ele é aplicado onde se possa concentrar água parada, em jarros de plantas, em pneus, locais onde se possa ter concentração e formação de larvas do mosquito a partir de água não potável”, diz Hayne da Silva. “É uma importante estratégia para evitar que a gente continue com a epidemia em larga escala como a gente tem vivido em nosso país.”
Além da dengue, o pesticida também vai impedir novos casos das febres chikungunya e zika, doenças também transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti.
O pesquisador da Fiocruz-MS Rivaldo Venâncio ressaltou que desde que o primeiro caso de chikungunya foi divulgado, em setembro do ano passado, e que casos da virose zika começaram a se espalhar principalmente pelo Nordeste, combater essas doenças também se tornou um desafio para os pesquisadores e autoridades de saúde.
“As três doenças são extremamente graves e preocupantes”, afirma Venâncio. “Dengue, porque pode matar, e tem matado em um percentual elevado, diga-se de passagem. Chikungunya, porque pode tornar-se crônica. E a Zika, porque pode causar algumas complicações decorrentes da infecção por esse vírus, complicações igualmente preocupantes.”
A ideia da Fiocruz, segundo o diretor da Farmanguinhos, Hayne da Silva, é vender o pesticida inicialmente só para órgãos públicos, como as Secretarias de Saúde que atuam no combate ao mosquito.
“Num primeiro momento seria a venda direta às Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, para depois um lançamento para varejo, e aí, sim, utilização pela população em seus espaços domésticos”, informou Hayne da Silva.
Segundo Rodrigo Pérez, diretor da BR3, empresa que ganhou a licitação e vai produzir e vender o larvicida no Brasil, a expectativa é de que num prazo de três meses o produto já esteja disponível para a população. O pote de Dengue Tech com 10 tabletes deve chegar aos mercados no início de 2016 e custará em média R$ 35,00.
Rodrigo Pérez explica que a ação do Dengue Tech dura até 60 dias, e o seu manuseio é bem simples:
“Basta colocar um tablete onde a água já está acumulada, onde o criadouro já está estabelecido, ou mesmo onde a água se acumulará, como num prato de flores ainda seco, evitando que em uma chuva acumule água e forme ali um criadouro.”
O novo pesticida foi desenvolvido à base do bacilo Bti, não deixando que o inseto se torne resistente ao produto, principal vantagem em relação aos pesticidas disponíveis atualmente no mercado.