Putin cria problemas para EUA nos Bálcãs

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Caso só perguntarmos ao Ocidente, o Acordo de Dayton seria mudado completamente ou até mesmo a República Sérvia seria eliminada, ou ainda mais – uma nova guerra seria desencadeada. Mas os próprios EUA já confessam que não são únicos a serem perguntados. Ainda há a Rússia.

Um aspecto da pergunta toca a República Sérvia, uma das duas entidades políticas da Bósnia e Herzegovina, país vizinho da Sérvia, Croácia e Montenegro.

James Lyon foi o chefe do Grupo Internacional da Crise nos Balcãs no tempo em que a região foi o tema principal para discussão da comunidade internacional.

Na altura James Lyon se perguntou, em uma das revistas norte-americanas mais influentes chamada Foreign Policy, se os Bálcãs deviam estar se preparando para uma nova guerra. E este artigo agora deve ser lido com muito cuidado e atenção porque as suas palavras também são provadas por várias declarações de oficiais.

No artigo, o especialista estuda primeiramente Bósnia e Herzegovina, e especialmente a situação em torno da República Sérvia. O contexto é relevante também e tem a ver com a resolução britânica que não foi adotada pelo Conselho de Segurança da ONU sobre Srebrenica, que na verdade visou proclamar a República Sérvia de uma formação estatal genocida e deveria se tornar num pretexto para eliminar a entidade.

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Após a tentativa de promover a resolução, a República Sérvia tomou a medida contrária e declarou a realização de um referendo sobre a questão de devolver a ela plenos poderes na área jurídica. Este passo pode ser visto como um sinal de que a República não pretende se render sem combate.

O referendo deve ser realizado em 15 de novembro na República Sérvia e os cidadãos responderão à pergunta: "Avalia a introdução de leis pelo Alto Representante da comunidade internacional como inconstitucional e ilegal, especialmente a da lei sobre tribunais e procuradoria na Bósnia e Herzegovina e a sua aplicação no território da República Sérvia?" Quer dizer, as autoridades tentam obter a independência na área jurídica no seu território.

Enquanto isso, o fracasso da resolução britânica não intimidou o Ocidente que pretende sob a máscara de reformas privar a República Sérvia de qualquer vestígios de estadismo e tornar Bósnia e Herzegovina num Estado centralizado. Na Bósnia e Herzegovina existem três nações – croatas, bosníacos e sérvios. Os últimos estão contra a aliança com OTAN e se a política ocidental vence, a sua voz terá menor importância. 

E agora em vez do referendo a União Europeia propôs "negociações estruturais sobre a justiça" sobre os quais já concordaram o presidente da República Sérvia Milorad Dodik e a então chefe da diplomacia da UE, Catherine Ashton.

O especialista dos EUA Lyon classifica esta política de "comprar" Dodik como errada e opina que os Estados Unidos não devem prestar atenção à opinião da UE e "salvar Bósnia da crise possível".

Porque? Para que o "espaço livre" que pode ser criado após a realização do referendo não seria ocupado pela "Rússia, que apoia a República Sérvia por meio de diferentes provocações".

"Por apoiar Dodik, Putin pode criar problemas sérias para o Ocidente", escreveu Lyon, sublinhando que a posição dura da Rússia é o maior problema que não permite os UE, EUA e OTAN se estabelecer no terrotório dos Bálcãs.

Os Estados Unidos, segundo Lyon, também devem enviar um representante especial que poderia rever, quer dizer reescrever, o Acordo de Dayton, que em 1995 pus termo à guerra na Bósnia. 

"De qualquer maneira, Washington deve decidir agora se deve agir de forma proativa para manter a integridade da Bósnia e Herzegovina e os Balcãs estáveis, ou deixar Moscou estabelecer as regras", escreveu.

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Será que Washington realmente está pronto para provocar um novo caos nos Balcãs com o alvo de guardar a sua influência na região? Como a União Europeia poderia reagir, tendo em conta que obviamente não está interessada numa nova crise? 

Será que a nova tentativa dos EUA de incendiar Balcãs pode trazer a Sérvia mais perto à Rússia na busca de proteção? Será que Sérvia e República Sérvia têm um aliado potente? Ou será que estes países se cederão sob a pressão norte-americana? 

Estes questões são a razão porque é muito interessante saber a integra da conversa entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o premiê sérvio, Aleksandar Vucic, na última reunião em Moscou, especialmente porque sabemos que certamente discutiram a situação nos Balcãs…

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