Em seu pronunciamento, Clinton reconheceu que o país passa por dificuldades políticas e econômicas mas observou que “daqui a cinco anos todos estaremos nos perguntando a razão de termos levado tão a sério as dificuldades de 2015”.
O ex-presidente dos EUA também disse que a crise econômica mundial de 2008 levou o mundo a se voltar para o então BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), hoje BRICS, com a incorporação ao grupo, em 2011, da África do Sul.
Sobre as considerações de Bill Clinton, Sputnik Brasil ouviu o Professor Diego Pautasso, da Unisinos – Universidade do Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul. Para Diego Pautasso, Clinton mirou em dois objetivos.
“O primeiro é que os americanos têm interesses claros na América do Sul e sabem que o Brasil é o país-referência”, diz o professor de Relações Internacionais. “As empresas norte-americanas têm uma participação importante neste mercado e, além do mais, os países BRICS estão cada vez mais presentes na economia brasileira, notadamente China e Rússia, mas também Índia e África do Sul. E os EUA querem reservar o seu espaço, cultivar boas relações com o Brasil. Acho que este é o primeiro objetivo que está por trás da fala de Bill Clinton.”
O segundo alvo da fala de Bill Clinton, na visão de Diego Pautasso, é “uma constatação realista, dado que de fato o Brasil é um país promissor porque tem condições geográficas, políticas e econômicas bastante sólidas”.
O ex-Presidente Bill Clinton também mencionou que, após a crise econômica mundial de 2008, “muitas pessoas acreditavam que o centro das decisões mundiais migraria para os BRICS”, e que agora a China tem enfrentado desafios para substituir o comércio exterior pela demanda interna, como fator de crescimento. E que a Rússia, mesmo atingida pela queda dos preços do petróleo e pelas sanções econômicas, conseguiu apresentar algum crescimento. Clinton também falou das reformas que estão acontecendo na Índia.
“Quando olhamos para as taxas médias de crescimento, o tamanho e o potencial de expansão do mercado interno e comparamos sobretudo com os países da OCDE, com a Europa, é inegável que a situação dos BRICS, apesar de suas eventuais crises, dos seus constrangimentos, é promissora”, comenta o Professor Diego Pautasso. “São economias-baleia, como se costuma dizer, que têm uma fatia no PIB mundial cada vez maior, que têm reservas internacionais gigantescas.”
“Eu sou do tempo em que, quando se falava no epicentro financeiro do mundo, pensávamos em FMI, Banco Mundial e nas reservas dos EUA e dos países europeus e do Japão”, diz Pautasso. “Hoje, se fizermos a lista das 10 maiores reservas internacionais, 90% são de países periféricos, e os BRICS estão situados nas primeiras posições. Esse é um dado insofismável, e, portanto, a constatação do Bill Clinton é de que precisamos nos ater a esse novo cenário geopolítico e geoeconômico para que a tomada de decisão seja mais acertada.”
O Professor Diego Pautasso finaliza seu comentário concordando com o pensamento do ex-presidente americano: