O acordo já havia sido aprovado por Brasil, Uruguai e Paraguai, e só faltava a anuência da Argentina, o que foi recentemente obtido junto à Presidente Cristina Kirchner.
Horacio Cartes, que também em 21 de dezembro estará transferindo a presidência rotativa do Mercosul para Tabaré Vázquez, presidente do Uruguai, sustenta que o acordo de livre comércio será um grande avanço para europeus e sul-americanos.
Esta é também a opinião de Creomar de Souza, professor de Relações Internacionais da Universidade Católica de Brasília. Em entrevista exclusiva para a Sputnik Brasil, ele afirma que o acordo tem tudo para tornar ainda mais próximos os dois blocos, intensificando o relacionamento político-econômico entre América do Sul e Europa.
Sputnik: O Acordo de Livre Comércio entre União Europeia e Mercosul ganhará vida a partir de 21 de dezembro. O que significa este acordo para os dois blocos?
S: De que natureza eram essas restrições?
CS: Do lado do Mercosul as restrições sempre se colocam no sentido de que, como um bloco que é efetivamente produtor de matérias-primas, há sempre uma grande preocupação sobretudo com relação aos subsídios agrícolas que a Europa entrega a seus países-membros. O Mercosul sempre pôs muita pressão no sentido de que esses subsídios caíssem, porque eles impedem que os produtos agrícolas da região sejam competitivos em âmbito europeu, e do outro lado os europeus sempre são muito resistentes a qualquer tipo de ação que derrube tais subsídios. Talvez um elemento que possa abrir espaço para essa transformação seja a própria necessidade de ambos os lados de diversificar sua matriz de negócios.
CS: Na verdade, a não presença de Bolívia e Venezuela nesta fase do acordo é uma mera tecnicalidade. Esse processo de costura de um acordo UE-Mercosul é algo que vem de 20 anos. Em algum sentido nós temos que os quatro países são os desenvolvedores da arquitetura e de certa maneira deve haver algum arranjo intrabloco que permita que esta negociação seja feita sem a presença de Bolívia e Venezuela. Basicamente, isto não significa nenhum prejuízo a estes dois países, muito ao contrário. Uma vez que o acordo seja resolvido, eles também serão beneficiários, se assim quiserem, dos elementos positivos resultantes do ajuste de conduta entre ambas as partes.