BRICS na Turquia: Por uma reforma das instituições financeiras globais

© Marcelo Camargo/ Agência BrasilBandeiras nacionais dos países membros do BRICS
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Em Antalya, na Turquia, em reunião paralela à Cúpula do G20, os líderes dos países BRICS manifestaram seu desapontamento com a falta de progresso na modernização de instituições financeiras internacionais, especialmente em relação à reforma do FMI e do Banco Mundial.

O Professor Diego Pautasso, da Unisinos – Universidade do Vale dos Sinos e especialista em países BRICS, afirma que o desapontamento dos BRICS vem já de algum tempo, “dado que as tentativas de reforma do Banco Mundial, do FMI e do sistema Bretton Woods como um todo já têm levado mais de uma década, e a criação do Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS e do Arranjo Contingente de Reservas foi uma resposta a essa paralisia decisória no âmbito das grandes organizações internacionais”.

Logo da cúpula dos BRICS - Sputnik Brasil
Perspectivas de desenvolvimento dos BRICS não provocam dúvidas
Segundo Pautasso, a reforma nas duas instituições “consistiria em aumentar as cotas e o poder de voto dos países-membros dos BRICS, já que a capacidade financeira deles é pequena em relação ao peso das economias desses países, de modo que a distribuição de poder corresponde muito mais a uma geografia do pós-Segunda Guerra do que propriamente da entrada do século XXI, onde o peso das economias emergentes, seja econômico, seja financeiro, é muito maior do que sua representatividade nesses dois organismos criados no contexto da cúpula de Bretton Woods, em 1944”.

Ainda na reunião dos BRICS, coube à Presidenta Dilma Rousseff fazer um apelo diante das demais lideranças do grupo. Em sua opinião, “os BRICS devem continuar comprometidos com a redução dos riscos à economia global”. E a presidente alinhou quatro aspectos que devem ser observados pelo grupo: aumento do investimento em infraestrutura; redução da volatilidade do mercado financeiro; reforma das instituições financeiras; e redução da pobreza e da desigualdade.

O diretor-executivo do BRICS-PED – Câmara de Promoção e Desenvolvimento Econômico dos BRICS, sediada em Brasília, considera que Dilma Rousseff agiu bem ao fazer essas recomendações. Para Rodrigo Dora, os países BRICS estão num caminho de prosperidade, apesar das dificuldades circunstanciais vividas por alguns dos seus membros, como Brasil e Rússia. Na opinião do especialista, o bloco tem amplas possibilidades de recuperar a projeção que os seus cinco membros haviam atingido.

Kundapur Vaman Kamath, presidente do Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS (NBD) - Sputnik Brasil
Opinião: FMI e Banco Mundial podem ser ultrapassados pelas instituições dos BRICS
“Em relação aos quatro pontos defendidos pela presidente”, comenta Rodrigo Dora, “o primeiro deles, do investimento em infraestrutura, reforça a ideia inicial do Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS, que tem como um dos seus pilares o investimento em infraestrutura, que no Brasil é um dos maiores entraves ao crescimento. E isso apesar de o Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS ser uma afronta a outras questões que foram mencionadas nessa reunião dos BRICS, como uma maior participação do grupo no FMI. Um protagonismo que os países BRICS já pleiteiam há um tempo – a presidência do FMI e de outros mecanismos de controle monetário e de investimentos mundiais, em que a prevalência na presidência se reveza entre a Europa e os EUA.”

Por outro lado, segundo ainda Rodrigo Dora, “a questão de a Presidenta Dilma destacar um maior equilíbrio no mercado financeiro vem por conta da depreciação das moedas e do enfraquecimento das nossas divisas frente a esse crescimento do valor do dólar. Isso tem afetado bastante as economias do Brasil e da Rússia. A China, de certa forma, tem conseguido controlar bem esta questão, mas em relação aos BRICS isto afeta bastante, inclusive ao rand sul-africano”.

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