Em entrevista à Sputnik, Joanna Palani divulgou as razões da sua decisão. Confira a íntegra da entrevista exclusiva:
Sputnik: Como decidiu deixar a universidade e lutar contra o Estado Islâmico juntamente com as Forças Armadas curdas no Iraque? Qual foi a sua motivação?
Joanna Palani: Eu decidi ir quando Kobane e Shingal foram tomadas pelo Estado Islâmico e os cidadãos foram atacados e assassinados.
S.: As forças de coalizão liderada pelo exército dos EUA realizam ataques contra o Estado Islâmico. Você acha que as operações são suficientes?
S.: A sua família e amigos sabiam da sua decisão? Qual foi a primeira reação deles quando souberam disso?
J.P.: Uns sabiam, outros não sabiam da minha decisão. Quando souberam, me apoiaram. A minha família sempre diz que eu não devo usar uma pistola, mas sim lápis e papel como a minha arma. O que eles querem dizer é que eu devo lutar usando meios políticos. Mas eu não acho que isso mude algo quando os seus inimigos não querem um diálogo, mas sim, o poder. Foi muito difícil para a minha mãe quando eu não tinha contato com ela. Ninguém sabia se eu estava viva ou morta.
S.: Como era a sua vida na Dinamarca? Foi difícil deixar tudo isso de lado?
J.P.: Ficar na Dinamarca quando o meu povo estava sendo assassinado de todos os lados e ninguém estava fazendo nada foi difícil para mim. Eu não podia mais me concentrar na minha vida. Eu deixei os estudos, amigos e passatempos para combater.
S.: Como conseguiu ir ao Iraque? Encontrou quaisquer problemas ou obstáculos no caminho?
J.P.: Eu não tive problemas nem encontrei obstáculos de modo algum.
J.P.: O meu dia primeiro foi severo para mim. Tive que ir a muitos encontros. Tive que provar a minha lealdade e compreensão do conflito curdo e como ir combater como um soldado.
S.: E você entrou em contato próximo com terroristas do Estado Islâmico? Poderia me contar sobre esses momentos?
J.P.: Sim, muitas vezes. Várias vezes fiquei sem balas. Pensei que ia morrer. Um militante do Estado Islâmico entrou na minha sala num edifício. Não tinha a sua arma consigo, se calhar tinha-a perdido ou algo assim. Eu tinha o meu AK-47, mas ele não sabia que eu não tinha balas. Ele olhou para mim, eu levantei a arma e ele fugiu. Se ele soubesse que eu não tinha munições, poderia ter agido violentamente contra mim e eu poderia não ter sobrevivido.
S.: Como é o dia cotidiano lá? Quais eram as suas rotinas?
J.P.: De manhã eu era responsável pelo treinamento das mulheres. À tarde voltava para a linha de frente até à noite. O campo de mulheres ficava na distância de 1 km da linha de frente. Eu estive no Curdistão por quase um ano.
J.P.: Sim, eles realmente precisam muito. Cada vez que eu fui combater contra o Estado Islâmico ou Al-Qaeda, não tinham equipamentos bons. A maioria dos equipamentos do Estado Islâmico é norte-americana e estes são novos, de fato de 2003. O exército iraquiano fugiu dos seus territórios quando os soldados estavam com medo de ser mortos ou capturadas pelo Estado Islâmico. O EI já não é tão forte como antes. Então, todos os esforços ajudam.
S.: Você foi interrogada pela polícia ou serviços segredos quando retornou?
J.P.: Eu queria visitar a minha família. Eu fui pela primeira vez de licença do meu serviço, e eu tinha que voltar em 15 dias. A polícia da (agência) PET escreveu me uma carta dizendo que eu fui privada do meu passaporte e não tenho permissão de deixar Dinamarca porque ''sou uma ameaça ao Estado dinamarquês'' o que não faz sentido já que a Dinamarca também faz parte na luta conta o Estado Islâmico. Agora tenho um advogado que me ajuda. Nós não vamos nos conformar com a decisão.
S.: Qual é o seu plano para o futuro, caso o Estado Islâmico seja vencido? O que quer fazer com a sua vida após o fim da guerra?
J.P.: Quero voltar à minha unidade e continuar o meu serviço. Se a guerra com o Estado Islâmico terminar, eu voltarei aos estudos mais uma vez. Se não for morta até lá.