Em entrevista exclusiva à Sputnik, o ex-presidente do Conselho Federal da OAB – Ordem dos Advogados do Brasil e membro da CBJP – Comissão Brasileira de Justiça e Paz da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Marcelo Lavenère, explicou que o que levou a CNBB a se posicionar contra a aprovação do processo de impedimento é a histórica participação da entidade em movimentos e ações em prol da democracia no Brasil.
“Neste momento, a Comissão Brasileira de Justiça e Paz acompanha aquilo que se chama crise pela qual passa o sistema político brasileiro, e é da convicção deste órgão que é extremamente impróprio, inadequado, inoportuno e até mesmo ilegítimo o acatamento do pedido de impeachment feito pelo presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, especialmente diante da falta de idoneidade moral, de legitimidade ética, que o presidente não tem, em virtude das denúncias e das comprovações dos ilícitos praticados por aquela autoridade.”
O advogado ressalta, no entanto, não ver nenhuma similaridade entre as situações ocorridas com Collor e agora com a Presidenta Dilma.
“A minha convicção é de que são circunstâncias diferentes, diversas, e a cada dia fica mais claro que os motivos, os fundamentos e a razão jurídica daquele impeachment em 1992 são completamente diferentes daquilo que existe hoje. Agora nós estamos vivendo uma tentativa política de desestabilizar o Governo, uma reação de quem perdeu as eleições e não se conforma com este resultado, uma crônica de uma morte anunciada, já que esse pedido de impeachment já se anunciava antes mesmo da posse da Presidenta Dilma. Agora, a partir de uma chantagem que todo o Brasil conhece e reconhece, feita pelo presidente da Câmara, se torna ainda mais diferente a situação de hoje daquela situação de 1992.”