Em entrevista exclusiva à Rádio Sputnik Brasil, a deputada federal do PT (RS) e ex-Ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, classificou a atitude de Cunha como golpista.
“Atitude golpista, sem ética. Ele mesmo é questionado em suas iniciativas como parlamentar. Todo seu mandato tem sido marcado por ataques ao governo democrático”.
Segundo Maria do Rosário, o acolhimento do processo de impeachment foi uma resposta à recusa do PT em participar do acobertamento do atual presidente da câmara no Conselho de Ética.
“Ele tentou que o PT participasse de um processo de acobertamento das suas responsabilidades. Nós não aceitamos isso como partido. Não nós associamos a ele. E a resposta vil e covarde que tivemos foi o uso deste poder, que ele ainda tem como presidente [da Câmara], mesmo sendo algo imoral para o exercício da função, para abrir este processo de impeachment”.
“Vamos ficar mobilizados. Não aceitamos isso. Consideramos isso um golpe”.
Segundo a deputada, se há alguns meses o Eduardo Cunha rompeu com o PT, os seus atos desta semana significaram um rompimento com os valores das instituições e da democracia.
“Ele só deu prosseguimento a esse processo contra a Presidenta Dilma com base em seus interesses pessoais. O interesse de pressionar a Câmara dos Deputados e de se livrar daquelas responsabilidades que ele tem de assumir”.
Segundo ela, Cunha, além dos próprios interesses, também está representando os interesses do PSDB, que perdeu as eleições e que estaria promovendo uma espécie de terceiro turno.
“Estamos em plantão permanente, atentos a tudo que está acontecendo. Pedimos a nossa militância e a todos os democratas, patriotas, movimentos sociais, sindicatos, para apoiar a Dilma, derrotar Cunha, e fazer um governo popular e de esquerda, que só ela pode fazer nesse momento no Brasil”, concluiu Maria do Rosário.
O deputado Paulo Fernando dos Santos, Paulão, do PT-AL, concordou com sua colega e classificou a medida de Cunha de revanchismo individualista e antidemocrata. Segundo Paulão, a articulação foi feita com respaldo de Aécio Neves do PSDB.
“Todas as estratégias de Eduardo Cunha na câmara são feitas em parceria com o Aécio Neves. Acredito até que não seja o PSDB todo. Mas foi revanchismo”.
“É muita dissimulação. É muita cara de pau. Ele não tem neutralidade. E com todo respeito à história do ex-deputado e promotor Hélio Bicudo, que realizou importante trabalho na luta contra a ditadura, é preciso ressaltar que ele tem 93 anos de idade. Não é um preconceito em relação a idade, mas inclusive dois filhos dele foram contrários ao pedido. Só uma filha foi favorável. E o jurista Miguel Real Júnior, que é uma pessoa ligada ao tucanato de São Paulo, tem toda uma história de colaboração com o PSDB”.