Macri x Venezuela: coincidência ou demagogia?

ENTREVISTA COM CINTIENE SANDES 2 DE 08-12-15 E
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O presidente eleito da Argentina, Mauricio Macri, que tomará posse na quinta-feira, 10, mudou de ideia em relação à Venezuela, país que ele havia ameaçado de suspender do Mercosul. Especialistas questionam: isso terá sido – antes ou agora – demagogia de Macri?

Argentina’s president-elect Mauricio Macri and Brazilian President Dilma Rousseff - Sputnik Brasil
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Logo após derrotar o candidato kirchnerista Daniel Scioli no segundo turno realizado em 25 de outubro, Mauricio Macri anunciou em entrevista coletiva que, uma vez empossado no cargo, proporia a seus colegas chefes de Estado do Mercosul a suspensão da Venezuela do Mercado Comum Sul-Americano.

A alegação de Macri era de que a Venezuela não tem um sistema democrático perfeito, e por isso, dizia o presidente eleito da Argentina, caberia a aplicação da Cláusula Democrática do Pacto de Ushuaia.

Na segunda-feira, 7, porém, logo após o Presidente Nicolás Maduro reconhecer a derrota do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), governista, nas eleições legislativas do domingo, Macri felicitou os vencedores da coalizão venezuelana de oposição MUD (Mesa da União Democrática) e encarregou a sua futura ministra das Relações Exteriores, Susana Malcorra, de tornar pública a sua desistência de propor a suspensão da Venezuela do Mercosul.

A proposta seria formalmente apresentada na segunda-feira, 21 de dezembro, quando a Cúpula do Mercosul estará reunida em Assunção para a transmissão da presidência rotativa do bloco, do Paraguai para o Uruguai.

Sobre o assunto, Sputnik Brasil ouviu a Professora Cintiene Sandes, do curso de Defesa e Gestão Estratégica da UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro, especialista em questões relacionadas ao Mercosul e em integração regional. Ela diz não acreditar que “tenha sido uma mera coincidência” a fala de Macri logo após a sua eleição e esta de agora, após as eleições parlamentares venezuelanas. O que o novo Governo argentino pretendia, comenta a especialista, “era que o Governo chavista de Maduro perdesse força”.

Dilma Rousseff - Sputnik Brasil
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“Macri reconheceu, imediatamente, que essa oposição venezuelana na verdade também é um governo paralelo, de direita, um governo que talvez tenha um posicionamento político muito mais alinhado com o posicionamento político que Macri pretende estabelecer na Argentina nos próximos anos de governo. Ele colocou que há, sim, uma democracia na Venezuela e resolveu retirar um discurso de que quebrava a cláusula do Protocolo de Ushuaia. Há um jogo de interesses em relação a isso, e nesse jogo de interesses existe um alinhamento político, os governos se identificam enquanto políticas e, por conta disso, se apazigua a crise em relação à questão democrática.”

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