Trata-se da obra Ludus, do compositor mineiro Harry Crowl. Escrita em 1990, os organizadores do evento afirmam que antes nunca havia sido interpretada por ser dificílima.
"Está no limiar das possibilidades humanas, especialmente a parte do violoncelo", comenta Viktor Kugay, clarinetista e um dos integrantes do conjunto ainda sem nome que fez este novo passo na propagação da cultura brasileira na Rússia.
O violoncelista, Andrei Berezin, confirma que foi "muito difícil": a obra exige muita atenção e concentração. Mas os aplausos ouvidos na sala de recepções da embaixada assinalaram o êxito.
Já Viktor Kugay ressaltou que ensaiar o Ludus foi um desafio, sendo a peça bastante difícil e até "impossível" para um "músico ordinário".
A programação da tarde incluiu cinco compositores brasileiros (além de Crowl, Sílvio Ferraz, Marcus Varela, Ricardo Tacuchian e Cláudio Santoro), um argentino (Alberto Ginastera) e um espanhol (Gaspar Cassado). A escolha das obras foi realizada conjuntamente por Viktor Kugay e pelo terceiro secretário da embaixada, Wellington Muller Bujokas — que escolheu os intérpretes também.
"A música brasileira é bastante exótica e vem como uma surpresa ao público russo. Eu até acho que tem peças especialmente importantes, como Escheriana, de Marcus Varela, que interpretamos hoje", disse o violoncelista, em uma conversa exclusiva com a Sputnik.
Por sua parte, o clarinetista explicou que a falta de nome do conjunto se deve ao seguinte fato: "Tocamos música sem limite concreto, por isso não acho que vamos pronto ter um nome".
A música acadêmica brasileira é muito pouco conhecida na Rússia. Além de Heitor Villa-Lobos, que é bastante popular entre especialistas e amadores da música, poucos nomes chegam ao público. E isso não ocorre só com o Brasil, mas também com outros países da América Latina. A iniciativa conjunta da embaixada com os jovens músicos (que estudam ou terminaram os seus estudos na Filarmônica de Moscou) vem exatamente suprir esta lacuna.