'Turquia ficou com as cartas todas baralhadas'

© AFP 2023 / DELIL SOULEIMANUm soldado da YPG perto de el-Hasakeh, não longe da fronteira entre Síria e Iraque, em novembro
Um soldado da YPG perto de el-Hasakeh, não longe da fronteira entre Síria e Iraque, em novembro - Sputnik Brasil
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Em entrevista à Sputnik, um dos comandantes da força de autodefesa curda YPG comenta a situação atual nos territórios assolados pela guerra e terrorismo.

Huseyin Kocer é comandante de um dos destacamentos da YPG na Síria. Ele, como muitos outros, notou um considerável aumento da violência da parte da Turquia recentemente.

"Os ataques da Turquia começaram depois de que a YPG cosneguiu libertar Tel-Abyad. As ofensivas turcas servem para nos provocar. Antes da libertação desse distrito, a Turquia realizava comércio com o Daesh [grupo terrorista também conhecido como "Estado Islâmico", proibido na Rússia e reconhecido como organização terrorista pelo Brasil] através o ponto fronteiriço em Tel-Abyad. Mas depois de expelirmos de lá os jihadistas do Daesh, a Turquia ficou com as cartas todas baralhadas, e ela começou a tentar provocar-nos com todos os meios possíveis", disse Kocer.

© Sputnik / Hikmet DurgunHuseyin Kocer, comandante de um destacamento da YPG
Huseyin Kocer, comandante de um destacamento da YPG - Sputnik Brasil
Huseyin Kocer, comandante de um destacamento da YPG

Vizinhos, e não inimigos

Para Kocer, a Turquia não é inimiga.

"Nós, enquanto representantes da YPG, acreditamos que o Estado turco é nosso vizinho e não queremos guerra com ele. Nós estamos convictos que isso não trará nada de bom para o mundo. Nós queremos manter boas relações com os países vizinhos".

Além acusar a Turquia de manter comércio ilegal com os jihadistas, o comandante curdo vê nela um local de saída dos terroristas. "Durante confrontos com os terroristas, nós capturamos mais de um cidadão turco", ressalta Kocer.

"É lá que os jihadistas são formados e treinados. É da Turquia que maioria dos novos soldados se adere ao Daesh", ressalta.

A Turquia faz parte da coalizão internacional, liderada pelos EUA, que combate o Daesh.

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No entanto, a Rússia juntou-se oficialmente ao combate ao Daesh no solo sírio em 30 de dezembro, ao aprovar o pedido de Damasco e enviar aviões da Força Aeroespacial à base aérea de Hmeymim, no Norte do país. Huseyin Kocer destacou também o papel da Rússia nesta luta: "Graças às ações da Rússia destinadas contra o Daesh e outras organizações terroristas que querem destruir a Síria, foi assestado um golpe muito sério, e eles [os terroristas] seguem sofrendo grandes perdas".

Os curdos

Há uma coisa que é preciso ter na mente ao se falar da maneira de combater terrorismo pela Turquia. A sua entrada na luta contra o Daesh deu-se em agosto, umas semanas depois de um atentado reivindicado pelo Daesh que sacudiu a cidade de Suruc.

Mas mesmo com o país aceite na coalizão, o governo turco começou dizendo que o primeiro alvo dele seriam os curdos (um conflito que data de longe na história da Turquia), e não o próprio Daesh. Isso complica um pouco as coisas, já que a YPG e outros destacamentos curdos são considerados como uma das forças mais eficazes no combate ao Daesh.

Os curdos ocupam várias zonas da Síria, Iraque e Turquia.

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