Em seu discurso na Cúpula, a Presidenta Dilma Rousseff saudou a primeira participação do novo presidente da Argentina, Mauricio Macri, frisando que a Argentina constitui um dos eixos importantes da organização regional do bloco.
"Quero, em especial, dar ao Presidente Mauricio Macri as boas-vindas a essa sua primeira Cúpula do Mercosul. Desejo-lhe êxito na missão de conduzir os destinos da Argentina nos próximos anos. Sem sombra de dúvida, a Argentina constitui um dos eixos desta nossa organização regional."
Dilma Rousseff também felicitou o Presidente Nicolás Maduro e o povo da Venezuela, pelo espírito democrático que marcou as eleições parlamentares daquele país.
Além dos presidentes da Argentina e do Brasil, estiveram presentes à reunião o presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, e o anfitrião, o paraguaio Horacio Cartes. Como membros associados estiveram presentes ainda ao encontro do bloco a Presidente Michelle Bachelet, do Chile, e o presidente da Bolívia, Evo Morales. O venezuelano Nicolás Maduro, alegando compromissos internos e diante dos recentes desentendimentos com o novo presidente argentino, não compareceu à reunião, sendo representado pela Ministra do Exterior Delcy Rodríguez.
O Presidente Horacio Cartes, do Paraguai, em sua intervenção, propôs criar uma comissão para monitorar o respeito aos direitos humanos no bloco regional.
Dilma Rousseff afirmou, na Cúpula, que o Mercosul é fundamental para o projeto de desenvolvimento brasileiro e que sabe que o crescimento do Brasil também causa impacto positivo em toda a região do bloco. Ela citou para os líderes do Mercosul as medidas que seu Governo está adotando para enfrentar os efeitos da crise internacional e, sem falar abertamente sobre o processo de impeachment, garantiu que a reorganização do quadro fiscal no Brasil logo trará resultados positivos, juntamente com o fim da crise política que tem ocorrido desde o início do seu segundo mandato.
"Nossa economia tem fundamentos sólidos”, garantiu Dilma aos seus colegas. “Temos elevadas reservas e temos uma situação financeira sob controle. Estou certa de que a reorganização do quadro fiscal no Brasil logo trará resultados positivos, juntamente com o fim da crise política que tem afetado meu segundo mandato desde o seu início. Nós estamos determinados a reduzir a inflação, a conseguir a estabilidade macroeconômica, a aumentar a confiança na nossa economia e a garantir a retomada sólida e duradoura do crescimento com distribuição de renda."
A presidente destacou ainda que o Brasil está consciente de que terá de conviver por um bom período com o fim do superciclo das commodities, mas enfatizou que o Governo não vai recuar em suas políticas sociais.
Segundo Dilma, o Governo está desenvolvendo “um novo ciclo, que será marcado por maiores estímulos às exportações, a um forte investimento em infraestrutura e em energia.”
A presidente enfatizou que o Brasil também pretende ampliar as relações com os mercados internacionais e suas exportações, e lembrou que o Mercosul quer concluir o ambicioso acordo com a União Europeia.
“Os esforços do Presidente Cartes [do Paraguai] mostram, inquestionavelmente, que hoje a decisão [das relações] está do outro lado do Atlântico, porque deixamos sistematicamente claro que estávamos prontos para fazer as nossas ofertas.”
A Presidenta Dilma também citou como positiva a contínua aproximação do Mercosul com a Aliança do Pacífico, e que o bloco vai continuar trabalhando pelo estabelecimento de uma área de livre comércio em toda a América Latina, sendo para isso essencial ampliar a aprofundar acordos com os parceiros andinos, como o acordo de serviços Mercosul-Colômbia, negociado nesse semestre. Dilma falou ainda sobre o acordo entre o Mercosul e Cuba, que vai permitir ao bloco sul-americano estar bem posicionado para aproveitar a evolução da economia cubana com a abertura das relações comerciais Cuba-EUA.
Sobre a relação do Brasil com a Argentina, depois da posse do novo presidente, Mauricio Macri, o ministro de Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, disse no domingo, 20. após encontro com a sua colega argentina, Suzana Malcorra, que a relação entre os dois países é estratégica e deverá se intensificar no início de 2016. Mauro Vieira disse ter certeza de que Brasil e Argentina vão continuar tendo um excelente relacionamento, agora com Macri à frente do Governo.
“Conversamos sobretudo sobre relacionamento bilateral, para traçar um programa entre Brasil e Argentina a ser implementado a partir do próximo ano, logo após a posse do novo Governo”, informou Mauro Vieira. “O relacionamento do Brasil com a Argentina é estratégico. É muito importante, e continuará sendo. Tenho certeza de que teremos, como sempre tivemos no passado, um excelente relacionamento.”