Na reunião de ministros das Relações Exteriores do Mercosul realizada no domingo (20), a Argentina de Macri já deixou claras, neste aspecto, as suas diferenças com o Brasil de Dilma Rousseff e, particularmente, com a Venezuela de Nicolás Maduro, segundo relata o El País.
No entanto, a proposta de Buenos Aires e Assunção enfrenta a resistência do Brasil. O país, que tradicionalmente adota em sua política externa o papel de mediador, prezando pela neutralidade e pelo princípio de não-intervenção, não concorda com a postura da Argentina e do Paraguai a respeito da Venezuela.
"É preciso respeitar a soberania dos países", disse o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, quando consultado pelo El Pais. "Não se pode fazer do Mercosul uma instância de interferência", acrescentou.
Além disso, Vieira observou que, embora a Venezuela tenha se unido ao bloco em 2012, "está ainda em processo de adesão e não aderiu a todos os textos". De fato, Caracas tem até 2022 para terminar de incorporar todas as normas do Mercosul.
Macri havia prometido em sua campanha eleitoral à Presidência da Argentina que iria pedir a suspensão da Venezuela como membro do Mercosul devido a uma suposta violação, por parte do governo venezuelano, da cláusula democrática do bloco. No entanto, depois da vitória da oposição liberal conservadora nas recentes eleições legislativas da Venezuela, o chefe de Estado argentino parece ter mudado de ideia, apesar de continuar pressionando Caracas em relação aos “presos políticos”, segundo nota o El País.
De qualquer forma, a expectativa geral dos países-membros é de fortalecer os laços e avançar novos acordos, especialmente na esfera econômica, com outros blocos regionais. Como diz o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, Armando Monteiro, “o casamento com o Mercosul é indissolúvel, mas é sempre importante discutir a relação”…