“O maior problema é que a administração de Obama e todos os governos ocidentais não fazem ideia do que deve ser feito para que [o Daesh] e todo o fundamentalismo islâmico seja contido e derrotado em todas as suas manifestações.
O grupo terrorista aproveitou os ressentimentos dos povos do Médio Oriente usando a dor, a humilhação, a raiva e o desespero de muitos árabes e muçulmanos nos seus próprios interesses, opina o especialista.
Hart acredita que este estado de coisas é condicionado por duas causas principais, com as quais “não se pode lidar com bombas e balas”. A primeira está relacionada com a política exterior dos EUA dos últimos quinze anos, e a segunda tem a ver com a corrupção e o autoritarismo na maioria dos países da região.
Os grupos terroristas “podem ser tratadas militarmente, mas [o Daesh] é uma ideia, uma ideologia <…> e você não pode derrubar uma ideia com bombas e balas. Você tem que agir sobre as razões, as raízes, e não as consequências”, sublinhou o especialista.
Uma estratégia cujo intuito é derrubar o Daesh deveria incluir duas componentes: deve haver uma mudança na política externa dos EUA para com o mundo islâmico e os EUA devem persuadir os regimes islâmicos a oferecerem mais liberdades aos seus povos.
O analista parece duvidar que isso aconteça e notou que “as coisas só vão piorar”.
A organização terrorista Daesh (proibida na Rússia e reconhecida como terrorista pelo Brasil) autoproclamou-se "califado mundial" em 29 de junho de 2014, tornando-se imediatamente uma ameaça explícita à comunidade internacional e sendo reconhecida como ameaça principal por vários países e organismos internacionais. Porém, o grupo terrorista tem suas origens ainda em 1999, quando o jihadista da tendência salafita jordaniano Abu Musab al-Zarqawi fundou o grupo Jamaat al-Tawhid wal-Jihad. Depois da invasão norte-americana no Iraque em 2003, esta organização começou a fortalecer-se, até transformar-se, em 2006, no Estado Islâmico do Iraque. A ameaça representada por esta entidade foi reconhecida pelos serviços secretos dos EUA ainda naquela altura, mas reconhecida secretamente, e nada foi feito para contê-la. Como resultado, surgiu em 2013 o Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que agora abrange territórios no Iraque e na Síria, mantendo a instabilidade e fomentando conflitos.