Grupo BRICS está pronto para satisfazer as esperanças

© RIA NOVOSTI / BRICS/SCO Photohos / AFPO presidente russo, Vladimir Putin, durante a cúpula dos BRICS em Ufá
O presidente russo, Vladimir Putin, durante a cúpula dos BRICS em Ufá - Sputnik Brasil
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O ano da presidência russa no grupo BRICS termina com uma agenda agitada e prometedora. O grupo, composto, como indica a sigla, pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, teve neste ano uma agenda tensa. A partir da vIIa cúpula presidencial em julho, contatos a diversos níveis não cessavam.

O grupo, que suscitou grandes esperanças em 2014, neste ano mostrou que é capaz de satisfazê-las.

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Economia

Uma destas esperanças é a implementação de um novo paradigma econômico internacional. O Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS e o Arranjo Contingente de Reservas são dois mecanismos que já estão se preparando a serem lançados pelo grupo. O objetivo é a implementação de um sistema financeiro unificado, conforme disse, em dezembro, o primeiro-ministro russo, Dmitry Medvedev.

O Arranjo Contingente de Reservas, especificamente, visa fomentar o valor das moedas nacionais dos países-membros. Em um contexto de crescente interesse de vários países na recusa ao dólar, o intuito não parece impossível. Vale lembrar a experiência do Brasil com a Argentina e Uruguai, além de várias inciativas que abrangem o Egito e a China (que teve projeto correspondente fora do âmbito dos BRICS).

A infraestrutura financeira e econômica dos BRICS não pretende derrubar por completo o modelo econômico existente, representado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial. O intuito é criar uma alternativa, como o faz o Banco Asiático de Investimentos e Infraestrutura (AIIB, na sigla em inglês).

© AFP 2023 / JOHANNES EISELEA cidade de Xangai, na China, que abriga a sede do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o chamado Banco do BRICS
A cidade de Xangai, na China, que abriga a sede do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o chamado Banco do BRICS - Sputnik Brasil
A cidade de Xangai, na China, que abriga a sede do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o chamado Banco do BRICS

Política

No que toca à política, o principal resultado é o estreitamento dos laços, tanto no âmbito dos cinco membros do grupo, como nos âmbitos bilaterais. Mas também sobrou lugar para política internacional. O país anfitrião não deixou de comentar os assuntos da Ucrânia, Irã, Oriente Médio e Grécia.

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A Grécia passava, naquela altura, por uma crise econômica e política, e até pensava-se na iminência de uma Grexit — saída da Grécia da Zona do Euro e da União Europeia. A Grexit não se deu, mas gerou uma onda de especulações.

A Ucrânia, que pronto fará dois anos no estado de guerra civil, é um assunto especial de Moscou, que declara almejar a paz nesse país seu vizinho. Porém, Kiev acusa Moscou de violência e viola, por sua parte, algumas obrigações, o que levou, no final deste ano, à suspensão da vigência da zona de comércio livre eurasiático em relação à Ucrânia e à possibilidade de ação penal contra Kiev por falta de pagamento da sua dívida à Rússia.

O combate ao Daesh (grupo terrorista também conhecido como "Estado Islâmico") também ficou no centro das atenções da representação russa nos BRICS. O Daesh proclamou, em 2014, o "califado" internacional, o que significa que a ameaça tornou-se séria para o mundo inteiro.

Por isso, a Declaração final adotada na cúpula inclui uma cláusula que trata do terrorismo. O Brasil estava forjando a sua legislação antiterrorista neste ano. Os recentes receios de eventual intromissão de terroristas durante a Olimpíada em 2016 parecem justificar o aumento do rigor das medidas de segurança.

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A Declaração trata também do conflito entre Israel e Palestina. No documento, os BRICS advogam pela criação de um Estado Palestino viável nas fronteiras de 1967 e com capital em Jerusalém Oriental. Hoje em dia, Jerusalém Oriental é um território considerado como ocupado pelos assentamentos israelenses. Assentamentos também há na Cisjordânia.

No mês seguinte à cúpula dos BRICS, Israel propôs novo embaixador ao Brasil. Um ano depois de chamar o país latino-americano de "anão diplomático", Tel Aviv nomeou o coordenador do programa de assentamentos, Dani Dayan, para representar Israel em Brasília. O Brasil, que não reconhece as pretensões israelenses nos territórios reclamados pelos palestinos, ainda não reagiu.

Setor social e financeiro

O primeiro evento de escala internacional no âmbito dos BRICS que teve lugar neste ano foi uma conferência sobre a parceria econômica em um mundo multipolar. Foi naquela conferência que uma empresa russa propôs ao Brasil testar a sua tecnologia para combater a crise hídrica. Os representantes de vários países presentes na reunião compartilhavam ideias e apelavam a fomentar o intercâmbio na área da ciência e tecnologia.

Entre os projetos acordados mais tarde no ano que está terminando, vale a pena destacar o acordo sobre a produção de remédios russos no Brasil, pela empresa Biocad, e um leque de acordos entre a Rússia e o estado brasileiro de Paraná (nomeadamente aquele acordo que prevê a criação da infraestrutura para o uso do avião MS-21, projetado pela Rússia) além de projetos que visam desenvolver a área aeroportuária.

A maior implementação do sistema de navegação por satélite Glonass fora da Rússia e a iniciativa da criação de uma Rede Universitária dos BRICS também são êxitos importantes.

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