“Embora Daesh conseguisse ofuscar na mídia o seu predecessor ideológico, torna-se a cada vez mais aparente que [o Daesh] e al-Qaeda são mercadorias complementares e não substitutos”, observou o especialista em assuntos do Oriente Médio.
Todos esses fatores deviam em principio dar um golpe mórbido na al-Qaeda e os seus afiliados, mas na verdade isto não aconteceu.
“De fato muitos afiliados do al-Qaeda não só permaneceram, mas expandiram… A potência de uma força deve ser determinada pela sua quantidade e qualidade e nos últimos anos a al-Qaeda fez avanços em ambos os aspectos”, explicou o analista.
A Frente al-Nusra e outros afiliados da al-Qaeda tenham visto mais militantes que aderiram às suas fileiras. Além disso, os seus recrutas tornam-se militantes mais experientes mais rápido porque o Iêmen, o Iraque e a Síria servem como campos de treinamento para eles.
“Não deve constituir uma surpresa o fato que estes dois grupos, enquanto teoreticamente lutando um contra outro pela liderança na arena de jihad global, individualmente experimentem muito êxito”, observou Heistein.
“No mundo ideal, o Ocidente devia simplesmente ficar tranquilo e ver como a al-Qaeda e [o Daesh] se destroem sem ter de levantar um dedo. Porém, estas previsões idílicas fracassaram em vez de se materializar e é possível que aquilo que, segundo nós, devia prejudicar a al-Qaeda e [Daesh], na verdade propulsionou-os para frente”, sublinhou o especialista.
A organização terrorista Daesh (proibida na Rússia e reconhecida como terrorista pelo Brasil) autoproclamou-se "califado mundial" em 29 de junho de 2014, tornando-se imediatamente uma ameaça explícita à comunidade internacional e sendo reconhecida como ameaça principal por vários países e organismos internacionais. Porém, o grupo terrorista tem suas origens ainda em 1999, quando o jihadista da tendência salafita jordaniano Abu Musab al-Zarqawi fundou o grupo Jamaat al-Tawhid wal-Jihad. Depois da invasão norte-americana no Iraque em 2003, esta organização começou a fortalecer-se, até transformar-se, em 2006, no Estado Islâmico do Iraque. A ameaça representada por esta entidade foi reconhecida pelos serviços secretos dos EUA ainda naquela altura, mas reconhecida secretamente, e nada foi feito para contê-la. Como resultado, surgiu em 2013 o Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que agora abrange territórios no Iraque e na Síria, mantendo a instabilidade e fomentando conflitos.