Consta do próprio documento que a ONU não poderá proteger os civis se ocorrer um genocídio. É um dos três roteiros possíveis indicados no memorando confidencial transmitido ao Conselho de Segurança da ONU pelo chefe das operações humanitárias da organização, Hervé Ladsous.
O primeiro roteiro é uma violência "esporádica e de intensidade relativamente fraca", com a conservação do quadro político estável. Neste caso, a União Africana poderá prosseguir na sua tentativa de instalar uma parte do seu contingente militar no país.
A segunda variante aponta para uma degradação "importante" da segurança na capital, Bujumbura, e no resto do país. Haverá, neste caso, falta de um "processo político credível". A força da União Africana também não poderá ser implantada no país.
Já a terceira possibilidade é a ocorrência de um genocídio, ou seja, "violência de caráter claramente étnico e de uma envergadura e intensidade muito maiores".
As autoridades do Burundi opõem-se à instalação no país da Missão Africana de Prevenção e de Proteção no Burundi (Maprobu), composta por 5 mil militares.
Se o primeiro roteiro permite o apoio ao diálogo político nacional pela ONU, os dois restantes exigirão, segundo o Conselho de Segurança, o envio do contingente militar da ONU, os Capacetes Azuis.
"A proteção dos civis será limitada a algumas zonas em Bujumbura, mesmo se for grande a probabilidade de que os civis serão ameaçados em todo o país", reza o documento, ressaltando que "os Capacetes Azuis não são uma força expedicionária".
Neste caso, de 4.000 a 10.000 militares da ONU podem chegar ao país.
A violência eclodiu no Burundi no ano passado, depois do anúncio, em abril de 2015, da candidatura do presidente Pierre Nkurunziza para o terceiro mandato. No fim do ano, em meados de dezembro, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, dizia que o país estava no limiar de uma guerra civil.