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Opinião: Falta uma efetiva política de Inteligência ao Brasil

ENTREVISTA COM RICARDO CABRAL
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Artigo publicado esta semana na mídia brasileira identifica e critica erros detectados na política de segurança do país. Sob o título “Onde Está a Inteligência no Brasil?”, o editorial da edição virtual do Jornal do Brasil lista alguns pontos que deixaram o país em situação bastante vulnerável em segurança institucional.

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Inteligência dos EUA está contra o Brasil?
Entre os aspectos destacados pelo editorialista estão a atuação da mídia internacional, pressionando a economia nacional, a depreciação do patrimônio público e o destaque dado às agências de classificação de risco e à perda do grau de investimento pelo Brasil. O artigo aponta também as pressões contra a Petrobras, visando a privatizar a maior empresa do país, e as intensas repressões a manifestantes contrários ao aumento das passagens dos transportes públicos ocorridos no início deste ano de 2016.

O especialista em Inteligência Ricardo Cabral, pesquisador da Escola de Guerra Naval, no Rio de Janeiro, comentou para Sputnik Brasil o editorial do Jornal do Brasil e afirmou que o texto está certo em vários aspectos e obriga as autoridades brasileiras a uma profunda reflexão sobre a política de segurança adotada no país. 

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Inteligência brasileira vai combater terrorismo e ataques cibernéticos nos Jogos 2016
“A atividade de inteligência no Brasil, de maneira geral, após os governos militares e com a extinção do SNI pelo Presidente Fernando Collor, sofreu uma degradação, ficou no limbo durante um bom tempo. Depois, a inteligência foi de novo regulada pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso, com a criação da Abin e, mais tarde, com o Sisbin. Hoje estamos muito mais reféns de assessoramento estrangeiro. Temos, por exemplo, o Centro Integrado Antiterrorismo, onde recebemos inteligência de vários países, que nos ajudam. A questão é: o Brasil está preparado para não só sediar grandes eventos, mas está preparado para se defender? Nós vimos uma inteligência bastante agressiva e que tem muitos recursos, como a francesa, que foi surpreendida em Paris, no ano passado, em duas ocasiões. Aqui no Brasil o setor de inteligência é completamente estatizado, a regulação, os cargos, a própria Abin e o Sisbin já sofreram reformulações, cada Governo que vem muda a estrutura, e não se busca aquilo que a inteligência deve fazer, que é alertar o Governo. Ou seja, o principal cliente da inteligência no Brasil, o Governo, não vê nela muita importância ou pelo menos nós não percebemos isso.”

Ricardo Cabral exemplifica:

Wilson Trezza, diretor-geral da Abin, durante o Seminário Internacional Enfrentamento ao Terrorismo no Brasil. - Sputnik Brasil
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'Lobos solitários' são a maior preocupação da Abin na Rio-2016
“O caso desse professor de Física, Adlène Hicheur, que foi para a Universidade Federal do Rio de Janeiro, é um caso clássico. Como ele entrou? Será que foi feito um acompanhamento? Pelo que vimos, somente depois da entrada dele é que a Polícia Federal começou a segui-lo, a tomar providências. Se formos ver, temos outros casos. Quando o Governo se direciona fortemente para esse setor, nós conseguimos responder, como no caso dos atentados de 11 de Setembro, quando foram feitas acusações sobre a região da tríplice fronteira, especificamente sobre Foz do Iguaçu. A mesma coisa está se processando agora com um esforço maior para as Olimpíadas, mas continua a questão: a inteligência está com uma parte no Ministério da Justiça, na Polícia Federal; uma parte nos serviços militares e outra agregada ao Gabinete de Segurança Institucional. Onde está o grande coordenador? Isso já causou problemas em vários países. Nós não temos ainda nos dado conta da importância do setor de inteligência. Eu lembro algumas coisas que nós deveríamos saber: a questão do Embaixador de Israel, se tivéssemos conhecimento de que Israel iria indicar um embaixador que não nos interessa, se a inteligência funcionasse nós iríamos conseguir conversar com o Governo de Israel para que o problema não chegasse a esse ponto. As questões da Petrobras, como tantos roubos, tanta coisa aconteceu, e a Abin não sabe de nada? Temos outras questões muito mais simples, que são do nosso cotidiano: como chegam as armas ao Rio de Janeiro? A Polícia do Rio de Janeiro diz que vêm de fora, mas não sabemos por onde? Temos os casos de contrabando, de descaminho, o tráfico de drogas. Será que ninguém sabe de nada? Ou se sabe não toma providências? Onde está a coordenação disso?"

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