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Brasil rivaliza com a China nas preocupações da Standard & Poor’s

ENTREVISTA COM THAÍS ZARA
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A agência de classificação de risco Standard & Poor’s voltou a mexer com as expectativas das economias emergentes nesta quinta-feira, 7, ao divulgar, em nota, sua preocupação com a situação desses países e, em especial, do Brasil, que julgou “extremamente grave”.

A S&P – a primeira entre as três grandes agências de avaliação de risco – rebaixou o rating do Brasil em setembro do ano passado, retirando o selo de bom pagador e colocando o país em perspectiva negativa. A nota caiu de BBB- para BB+.

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No documento, a agência afirma estar mais preocupada com a economia desses países do que com as recentes turbulências nos mercados financeiros chineses, com as frequentes intervenções do Governo no mercado de câmbio, desvalorizando o yuan, e as constantes quedas nos índices das bolsas de valores locais. Em dois pregões, neste início de janeiro, as Bolsas de Xangai e Shenzhen caíram até 7%, arrastando para baixo os índices de ações em todo o mundo.

Segundo a S&P, não bastasse a desvalorização cambial provocada nas economias emergentes em virtude das mudanças impostas ao yuan na China, esses países ainda sofrem com a perda de divisas, na medida em que a cotação da maioria das commodities ainda não se recuperou das baixas experimentadas no ano passado.

A economista-chefe da Rosenberg Associados, Thaís Zara, diz que, infelizmente, é preciso concordar com as preocupações da S&P em relação às economias emergentes e, principalmente, ao Brasil.

“Em 2015 tivemos diversos focos de preocupação e mau desempenho. Uma retração de quase 4% da economia – e esperamos outra para este ano, menor, mas na casa dos 3% –, a inflação alcançou a casa dos dois dígitos e está acima da meta. Além disso, temos a tarefa de buscar o reequilíbrio fiscal, que é bem difícil de ser atingido, já que a maior parte das nossas despesas é obrigatória”, diz a economista.

Thaís Zara afirma que existem vários desafios no horizonte brasileiro que ainda não se sabe como serão superados. Ela observa, porém, que não vê muito espaço para manobras por parte do Governo: “A sociedade não aceita mais impostos. O quadro é complicado.”

Por fim, a economista se mostra cética quanto a uma nova valorização no preço das commodities.

“Vejo muito difícil uma retomada mais forte, uma vez que a China – hoje a maior importadora mundial de matérias-primas – passa por um momento de desaceleração da sua economia. O melhor dos cenários seria o da estabilização de preços, mas ainda vejo espaço para pequenas novas quedas este ano, em especial nas commodities agrícolas”, diz Thais, para quem a depreciação do real em relação ao dólar evitou que as perdas fossem maiores em 2015.

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