​Cristina Kirchner convoca organizações sociais a defender emprego dos argentinos

ENTREVISTA COM MAURÍCIO SANTORO
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A ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, conclamou sindicatos profissionais e organizações sociais para protestar contra as medidas econômicas impostas pelo novo presidente, Mauricio Macri, e que estão provocando o desemprego de milhares de trabalhadores.

Segundo Cristina Kirchner, os primeiros atos do Governo Mauricio Macri, reformulando a estrutura do Estado argentino, implicaram em desemprego, ao enveredar por uma política neoliberal inspirada no FMI – Fundo Monetário Internacional.

Para o especialista em políticas latino-americanas, com ênfase em Argentina, Maurício Santoro, a ex-Presidente Cristina Kirchner, como peronista e oriunda dos movimentos sociais e de trabalhadores, está cumprindo seu papel de se manter fiel à sua base política.

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Doutor em Ciência Política e professor de Relações Internacionais da UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Maurício Santoro afirma que Cristina Kirchner tem projetos de permanecer na política do seu país e deverá se candidatar, provavelmente ao Congresso, nas eleições de 2019. Mas, para se manter visível, terá de estar à frente de ações como esta de agora, marcando sua posição oposicionista à da linha econômica-política adotada pelo seu sucessor, Mauricio Macri.

Maurício Santoro analisa a situação argentina nos primeiros meses do Governo Macri:

“Eu vejo como uma primeira rodada do que promete ser um longo embate entre a oposição peronista e o novo Governo. A eleição presidencial do ano passado foi muito disputada, Macri ganhou por uma diferença pequena, de menos de 3% dos votos, e ele basicamente venceu a disputa porque o peronismo se apresentou dividido: a lei eleitoral da Argentina permite que um mesmo partido apresente mais de um candidato, e o peronismo foi com três para a eleição. Se somarmos o que eles conseguiram no primeiro turno, foram quase dois terços dos votos. Essa agenda política que Mauricio Macri está implementando, que é uma agenda basicamente liberal na economia, não é algo que desfrute do apoio da maioria dos argentinos. E na medida em que se começa um programa de austeridade como o que ele vem implementando e que vai resultar em muitas demissões e provavelmente numa recessão ao longo de 2016, é de se esperar que haja uma resistência grande a isso, com mobilização de sindicatos, greves e outros tipos de protesto”.

Sobre a questão do embate entre Governo e oposição, e se o peronismo e o kirchnerismo terão força política para investir contra a política neoliberal de Mauricio Macri, que, segundo Cristina Kirchner, é inspirada no Fundo Monetário Internacional, o Professor Maurício Santoro afirma que a Argentina tem um sindicalismo muito forte, talvez o mais poderoso da América Latina, e uma oposição histórica a políticas como aquelas que Macri está tentando implementar agora no país.

“A grande questão é saber como as várias correntes do peronismo vão se posicionar ao longo dos próximos meses, já que houve líderes peronistas que apoiaram Macri na eleição, mas lembrando que o partido peronista tem a maioria tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado e nos Governos Provinciais, e isso dificulta a implementação da agenda política do Presidente Macri, mesmo sem protestos de rua”.

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