“O obsceno número de vítimas não chega para refletir com exatidão o terrível sofrimento dos civis no Iraque”, afirmou o Alto-Comissário, Zeid Ra’ad Al Hussein, num comunicado. “Os números representam aqueles que foram mortos ou mutilados pela violência ostensiva, mas inúmeros outros morreram por falta de acesso a alimentos, água ou cuidados médicos básicos”, destacou.
A ONU afirma que 3,2 milhões de pessoas estão deslocadas no interior do país desde o início de 2014, quando o grupo extremista Daesh tomou vastas áreas do Iraque.
O relatório destaca as atrocidades cometidas pelo grupo jihadista, fornecendo “numerosos exemplos de assassinatos em espetáculos públicos bárbaros, em que a vítimas são fuziladas, decapitadas, queimadas vivas ou atiradas do topo de edifícios”.
O documento denuncia também relatos da execução de crianças-soldado que tentam fugir do grupo extremista e da “contínua sujeição de mulheres e crianças à violência sexual, especialmente sob a forma de escravatura sexual”.
“O tratamento dado às crianças é especialmente horrendo. Menores até de nove anos são usados como escudos humanos, como bombas humanas, como primeira linha de combate”, disse, em teleconferência entre Bagdá e Genebra, o diretor para os direitos humanos da missão no Iraque, o italiano Francesco Motta.
Os peritos da ONU afirmam ainda que numerosas valas comuns foram descobertas em zonas que estiveram sob controle dos jihadistas, bem como valas comuns que remontam aos tempos do regime de Saddam Hussein (1979-2003).
O relatório também acusa as forças de segurança iraquianas e os seus aliados – milícias, grupos tribais e peshmergas (combatentes curdos) – de assassinatos ilegais e sequestros.
“Muitos desses incidentes envolvem pessoas suspeitas de terem colaborado com o Estado Islâmico”, informa o documento, que critica o fracasso das forças de segurança na proteção dos civis, informou Agência Brasil.