Opinião: Há uma rede internacional para desestabilizar democracias da América Latina

© Jose LIrauze/ ABIPresidente da Bolívia Evo Morales, durante anúncio em que atende o relatório da ONU para a Bolívia e reduz o cultivo de coca de 23.000 hectares em 2013 para 20.400 em 2014
Presidente da Bolívia Evo Morales, durante anúncio em que atende o relatório da ONU para a Bolívia e reduz o cultivo de coca de 23.000 hectares em 2013 para 20.400 em 2014 - Sputnik Brasil
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Na semana em que Evo Morales completa 10 anos na Presidência da Bolívia, foi divulgada a informação de que um documento supostamente elaborado pelo Instituto Interamericano para a Democracia (IID) contém ameaças ao presidente, ao seu Governo e à intenção de Morales de continuar no poder até 2025.

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O Instituto Interamericano para a Democracia (IID) é uma instituição formada por dissidentes latino-americanos radicados nos Estados Unidos. E as informações que vazaram sobre o documento intitulado "Plano Estratégico para a Bolívia" são de que ele aponta “23 ações concretas orientadas a derrubar o Governo do presidente da Bolívia, Evo Morales".

No referendo marcado para 21 de fevereiro próximo, o eleitorado boliviano irá às urnas dizer se Evo Morales está autorizado a encaminhar ao Congresso uma Proposta de Emenda Constitucional que lhe permita disputar o quarto mandato presidencial consecutivo. Se os bolivianos disserem “sim”, Evo Morales poderá se habilitar a novamente concorrer nas eleições de 2019 e, uma vez vitorioso, continuar na Presidência da Bolívia até 2025.

“Evo Morales vai tentar apresentar um projeto de emenda constitucional que lhe permite a possibilidade de mais um mandato”, comenta o cientista político Márcio Malta, da Universidade Federal Fluminense. “E é claro que a oposição na Bolívia vai se organizar, e não é somente a oposição desse país que se organiza, existem também interesses internacionais que estão em jogo, movimentações… Porque, afinal de contas, recentemente, na Argentina, houve uma mudança de governo, também através das eleições, assim como na Venezuela, que teve mudança na Assembleia.”

Márcio Malta destaca o fato de que, mesmo enfrentando sérios adversários, Evo Morales está fazendo um governo reconhecido pelo povo e que tanto a população quanto os movimentos sociais da Bolívia são os maiores entusiastas de sua permanência no poder. O cientista político disse ainda não ter dúvidas de que, “se o referendo [que está marcado para 21 de fevereiro] na Bolívia fosse realizado hoje, a proposta de Evo Morales venceria com toda tranquilidade”.

“É importante destacar que Evo Morales faz parte não de um projeto isolado. São 10 anos no poder, exatamente num ciclo que começa na Venezuela com Hugo Chávez, no finalzinho do século 20, e em que diversos países da América Latina vão passando pelo processo que nada mais é do que a eleição, através das urnas, de forma democrática, transparente, de governantes que têm um projeto mais popular, de atender as camadas que sempre foram relegadas ao esquecimento aqui no nosso continente latino-americano.”

O cientista político destaca que “na Bolívia estamos assistindo a um momento bastante singular, bastante oportuno, porque não só a oposição interna, os políticos, a imprensa, uma série de elementos, mas também institutos internacionais tentam ter ingerência na política dos países latino-americanos”.

“Tivemos notícia de um suposto documento de um instituto norte-americano que estaria organizando a oposição dentro da Bolívia para tentar mudar o poder atual. E não é somente na Bolívia que nós temos notícia deste tipo de coisa. Geralmente é um conjunto de ações que são adotadas, que vêm por parte da imprensa organizada, liberal, de oposição, através de políticos que são escolhidos nesse sentido. E qual a maneira como isso se dá? Injeção pesada, maciça, de recursos financeiros. Alimenta-se essa oposição com recursos. Há toda uma rede internacional para tentar desestabilizar as democracias da América Latina. Em todas as oportunidades que tivermos deveremos falar que são ações que visam a desestabilizar os governos democráticos da nossa região, e neste sentido elas devem ser repudiadas.”  

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