Na quinta-feira, 21, a Presidenta Dilma Rousseff reuniu os ministros da Saúde, Integração Nacional, Justiça, Casa Civil e Defesa e o comandante do Exército para debater uma estratégia integrada de combate ao mosquito e, especificamente, ao vírus zika. A contaminação de uma gestante por este vírus pode levar sua criança a apresentar o quadro de microcefalia.
Estudos médicos definem a microcefalia como “uma condição neurológica rara em que a cabeça e o cérebro da criança são significativamente menores do que as de outras crianças de mesma idade e sexo”. A anomalia normalmente é diagnosticada no início da vida e é resultado do fato de o cérebro não crescer o suficiente durante a gestação ou após o nascimento. Crianças portadoras de microcefalia têm problemas de desenvolvimento, e esta condição não tem cura, o que diminui em muito a sua perspectiva de vida.
Em 28 de dezembro de 2015, a Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária concedeu o registro da primeira vacina contra a dengue no Brasil – a Dengvaxia, do laboratório francês Sanofi Pasteur. Mesmo liberada pela Anvisa para comercialização, a vacina ainda precisa ser aprovada pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cemed) para que seja definido o valor de cada dose.
Segundo o fabricante e a própria Agência, a Dengvaxia é indicada para pessoas entre 9 e 45 anos e protege contra os quatro tipos do vírus da dengue. Mas ela não tem eficácia alguma contra as duas outras doenças transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti, a febre chikungunya e o vírus zika. Por isso, instituições como a Fundação Oswaldo Cruz e a Unicamp – Universidade de Campinas estão realizando diversos estudos no sentido de descobrir um medicamento eficaz contra aquelas doenças.
Em entrevista à Sputnik Brasil, o médico Cláudio Crispi, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Suprema, de Juiz de Fora, MG, chamou a atenção para esses problemas, dizendo que há várias providências a serem tomadas contra o mosquito Aedes Aegypti. Estas ações, segundo o médico, vão desde as iniciativas integradas dos Governos Federal, estaduais e municipais, passando também pelo necessário nível de conscientização da população.
“Tudo ainda está precisando de muito esclarecimento, muito entendimento”, diz o Dr. Crispi. “As pesquisas correm, as pessoas estão investindo muito na avaliação, no estudo, e eu acredito que não só a vacina mas também o tratamento em breve vão estar presentes. Breve, mas não com a velocidade que nós gostaríamos, é claro.”
Sobre a eficácia da vacina, o Dr. Cláudio Crispi pondera:
“Nós não temos estudos para dizer isso [se a vacina é eficaz]. Temos esperança. É necessário haver mais estudos, e enquanto isso não acontece parece que estamos tentando andar um pouco para a frente, tentando criar padrões de acompanhamento. Estamos falando de milhares de pessoas. Tudo, para dar certo, tem que ir de cima para baixo, ou seja, é preciso que haja vontade política, que haja exemplo. Se o Governo fizer a parte dele, de saneamento, de limpeza urbana, já vamos estar fazendo muita coisa. É fundamental que haja o envolvimento governamental no combate ao mosquito.”
Finalmente, o Dr. Cláudio Crispi faz um alerta:
“A preocupação agora é com o Carnaval. Vem muita gente para o Brasil, muita gente é picada pelo mosquito, e o Aedes Egypti existe em vários outros países – mas não os vírus – e as pessoas vão se contaminar.”