“No longo prazo, talvez se possa apontar para uma estrutura mais comum, mas eu acredito que nesse momento, a curto prazo ou médio prazo, seja um pouco difícil, porque tem que se adequar à própria realidade econômica de cada país. E também envolve a questão da própria dinâmica da produtividade”.
Segundo Penna Forte, no caso brasileiro, por exemplo, se coloca muito que a legislação trabalhista seria um empecilho para o aumento de produtividade.
Ao ser questionado sobre o porquê de o crescimento econômico do bloco não ser acompanhado proporcionalmente pelo aumento do número de empregos, o especialista destaca que o Brasil até certo ponto conseguiu um equilíbrio nesse sentido, mas o problema em geral está no avanço tecnológico, que nos últimos 30 anos diminuiu a necessidade de mão de obra intensiva.
“Somente quando você não consegue implementar uma política tecnológica, de uso da tecnologia no trabalho, é que você mantém ainda de certo modo o trabalho intensivo”.
O professor destaca, no entanto, que os trabalhos intensivos são os menos remunerados e que a partir de determinado momento, eles vão sendo transferidos para áreas em que o custo da mão de obra é mais barata.
“Olhando de um certo modo, isso faz parte da própria dinâmica do avanço capitalista, de aumento da produtividade constante”.
A ideia do bloco é oferecer oportunidades de emprego voltadas para jovens, mulheres, minorias nacionais e grupos étnicos, e é vista como muito interessante e positiva por parte do professor Penna Forte, pois vai inserir esses grupos dentro do mercado de trabalho.
“Tudo vai depender sempre de como a economia vai estar dinamizando. Se você tiver um crescimento econômico razoável, talvez consiga inserir. Agora, crescimento econômico necessariamente não quer dizer geração de empregos, porque você pode ter um crescimento da economia, mas também do uso de tecnologia. Então, isso é um pouco relativo. De qualquer forma, é interessante que existam políticas públicas que caminhem dentro dessa abordagem, para justamente tentar combater essa perda de empregos, e até para diminuir o impacto social, a questão da droga, da violência urbana”.
Ao final da reunião entre os ministros do Trabalho dos BRICS, será assinado um documento que vai refletir padrões de integração de crescimento político e econômico, uma formalização do mercado de trabalho e a expansão da criação de empregos reduzindo tensões sociais.
“Elaborando essas políticas públicas, isso ajuda a ter um denominador comum que vai, mais à frente, dar resultado. O futuro começa agora”.