Oficialmente, o Presidente Maurício Macri, que viajou a Davos, na Suíça, para participar do 46.º Fórum Econômico Mundial, dias depois de sofrer uma queda e machucar a coluna, alegou recomendações médicas para evitar locais de elevada altitude – Quito está 2.700 metros acima do nível do mar. Mas não faltam especulações de que por trás das razões oficiais para sua ausência na Cúpula da CELAC no Equador estaria a decisão de evitar um confronto direto com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
No final de semana, Maduro declarou que, quando estiver frente a frente com Macri, dirá tudo o que pensa a seu respeito. Desde a sua eleição para a Presidência da Argentina, Mauricio Macri tem feito críticas à política da Venezuela, alegando que o Governo de Nicolás Maduro não respeita os direitos humanos por “perseguir e manter presos os seus opositores”.
Por tudo isso, o cientista político Maurício Santoro acredita que as tensões entre Venezuela e Argentina tendem a se agravar. “devido às posições extremamente antagônicas dos seus presidentes”.
“É possível que o Presidente Macri esteja ganhando tempo, tentando evitar o conflito neste momento, ter uma formulação melhor de como vai lidar com a questão da Venezuela, porque a Argentina depende muito do mercado latino-americano. A maior parte das exportações argentinas vai para os países da região, sobretudo para o Brasil, mas a Venezuela também é um parceiro importante. De algum modo, Macri vai ter que resolver suas diferenças com os demais mandatários latino-americanos. A crítica dele ao Governo venezuelano continua. Hoje, inclusive, a sua Chanceler Susana Malcorra está na Espanha angariando uma série de apoios internacionais para criticar o Governo do Presidente Maduro e as autoridades venezuelanas, e então não há nenhum horizonte de resolução desses conflitos num futuro breve. É provável que nós vejamos, ao longo dos próximos meses, um nível de enfrentamento bastante elevado, sobretudo no Mercosul e na Unasul, opondo a Argentina e talvez países como a Colômbia à Venezuela.”
Sobre a possibilidade de radicalização entre Nicolás Maduro e Mauricio Macri, num palco de tamanha visibilidade como a Cúpula da CELAC, Maurício Santoro acredita na possibilidade de que isso ocorra, mas não necessariamente. “Há um cenário construído para isso, eles representam correntes ideológicas opostas. Às vezes um conflito externo como esse acaba sendo uma maneira de esses presidentes tentarem angariar apoio dentro de seus próprios países.”