Em uma entrevista concedida à emissora britânica BBC, o mandatário afegão disse que o Daesh "enfrentou as pessoas erradas", referindo-se às tentativas dos jihadistas de se estabelecerem no Afeganistão.
"O Estado Islâmico não é um fenômeno afegão", ressaltou Ghani Ahmadzai, indicando a necessidade de intensificar a luta.
"Isso poderá ser o ponto de não retorno para o Daesh; vamos enterrar o Daesh", frisou o presidente.
As informações sobre a passagem de militantes e a instalação de bases secretas do Daesh no Afeganistão começaram a surgir em meados de 2015, menos de um ano após a proclamação, em Raqqa (Síria), do "califado mundial" pelo líder do Daesh (então mundialmente conhecido como "Estado Islâmico do Iraque e do Levante", ou nas siglas ISIL, em inglês, e EI, em português). Em uma sessão da Estrutura Antiterrorista da Organização para Cooperação de Xangai (SCO), a parte russa apresentou dados da inteligência que apontavam para um certo crescimento, no Norte do Afeganistão, de elementos radicais que não eram partidários do Talibã.
Talibã
Em outubro, o Talibã ocupou a cidade estratégica de Kunduz. Logo depois, as forças da OTAN assestaram um golpe aéreo contra um hospital da organização internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) situado nessa cidade; o comando militar informou que havia relatos sobre a presença de militantes no interior do local. Assim, o confronto entre o Talibã e as forças militares estrangeiras voltaram a ser uma manchete mundial.
Na entrevista à BBC, Ghani destacou que o conflito pode se agravar caso as negociações não sejam retomadas até o mês de abril.
"O tempo não espera. Todos compreendemos que os meses de fevereiro e março são muito importantes", frisou o presidente.
Três províncias e 'jogos terroristas'
O representante da ONU no Afeganistão, Nicholas Haysom, disse à agência de notícias russa RIA Novosti que há três províncias no Afeganistão onde o Talibã e o Daesh lutam entre si.
O Daesh atuava inicialmente em certas áreas da Síria e do Iraque. Depois, vários grupos terroristas de tendência islamista em outros países, como o Boko Haram, na Nigéria, juraram fidelidade ao Daesh.
Em 30 de setembro de 2015, as autoridades da Federação da Rússia enviaram o primeiro lote de aviões militares para responder a um pedido do governo sírio e começar a prestar ajuda aérea no combate ao Daesh nesse país.