Aprovada pelos 15 membros do Conselho de Segurança – os 5 permanentes (Rússia, China, Reino Unido, França e Estados Unidos) e os 10 rotativos –, a Resolução determina, entre outros, o envio à Colômbia de uma "missão política" que durante um ano vai participar de um "mecanismo tripartite" com o objetivo de "fiscalizar e verificar o cessar-fogo e o fim bilateral e definitivo das hostilidades".
A missão da ONU será liderada por um representante especial do secretário-geral da Organização, Ban Ki-moon. Uma de suas tarefas será supervisionar a entrega de armas. Nas palavras do secretário-geral, “a missão será política, integrada por observadores internacionais desarmados, e se encarregará de vigiar e verificar a deposição das armas”.
O Professor Ricardo Cabral, especialista em História Militar e colaborador da Escola de Guerra Naval no Rio de Janeiro, afirma que essa decisão é uma vitória da ONU e do processo de paz entre Colômbia e FARC – Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. “Com a ONU supervisionando as conversações e o cumprimento do acordo de paz, ficará mais seguro para a comunidade internacional acompanhar o processo evolutivo do acordo de paz que envolve deposição de armas e cessar-fogo definitivo”, diz Cabral. “A negociação entre Governo e FARC é de 2012, e tem vários aspectos, como a criação de uma Comissão da Verdade para resgatar os desaparecidos e mortos. Ou seja, teremos finalmente uma lista, porque os números são discrepantes. Antes da Presidência de Juan Manuel Santos, o Governo assumia em torno de 50 mil mortos, e hoje se fala em 220 mil; e o número de deslocados, que era calculado em torno de 1 milhão, 2 milhões – o que já é muita gente –, hoje sabemos que foram 6 milhões de pessoas deslocadas das áreas onde ocorreram os confrontos.”
Ricardo Cabral destaca outra questão relevante das negociações, que são as medidas específicas para as indenizações, por parte do Governo e por parte das FARC, àqueles que tiveram prejuízos materiais em função do conflito.
“Com a Resolução da ONU nesta semana, a questão avança, mas ainda podemos ver alguns impasses e o embate entre o que desejam as FARC e o que exige o Governo. Lembro que esta negociação é a única saída para a Colômbia, que já tentou, no Governo Uribe, uma solução militar, atacando as FARC com o apoio integral dos Estados Unidos, com uma ajuda militar enorme, e, no entanto, não conseguiu vencer.”