O Governo acaba de receber uma carta da Comissão Europeia, assinada por Valdis Dombrovskis, vice-presidente da Comissão Europeia, e pelo francês Pierre Moscovici, comissário da Economia, onde “são apresentadas reservas” ao documento, que poderá vir a ser rejeitado.
Hoje também começou a chamada “avaliação” das opções económicas do país por parte dos credores internacionais – a chamada “troika” constituída pelo FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia.
As divergências entre o governo e os credores têm a ver com a nova política dos socialistas. Após anos de austeridade, de cortes nas áreas sociais, António Costa já começou a reverter a situação e a repor os antigos valores dos salários da Função Pública e das prestações sociais. A nova linha, que implica mais despesa, pôs em “alerta” os credores, que receiam que os compromissos do país (défice inferior a 3%) não sejam alcançados no próximo ano.
Mais do que um problema de números, está em causa um choque de ideologias: a que segue fielmente as “regras europeias” – defendida pelo anterior governo — e a que não se quer submeter a elas, embora não fale abertamente de rupturas.
Os próximos dias mostrarão se a afamada diplomacia de António Costa será suficiente para convencer Bruxelas e os credores da capacidade do país de ter o “melhor dos dois mundos”: continuar a seguir o Tratado Orçamental europeu e ultrapassar a austeridade.