O pedido foi apresentado por videoconferência na sessão do Parlamento Europeu da quinta-feira, 28 de janeiro. Iván Márquez agradeceu o empenho da União Europeia pela paz na Colômbia e saudou os parlamentares europeus pela criação do Fundo Fiduciário. Este Fundo será utilizado para financiar projetos e programas sociais na Colômbia.
Sobre os fundamentos do seu pedido à União Europeia, Iván Márquez declarou: "No nosso entendimento, a atitude mais justa e consequente para os países europeus que buscam a paz na Colômbia é a retirada das FARC-EP (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo) da lista de organizações consideradas terroristas. Isto deve ser feito com celeridade para que possa prosperar o projeto de pacificação do país.”
Sobre todas estas questões, a Rádio Sputnik Brasil conversou com o Professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Diogo Dario, especialista em políticas latino-americanas. Diogo Dario rememorou como as Farc foram incluídas na lista de organizações terroristas da União Europeia:
“As Farc foram colocadas nesta lista em 2002, quando a questão do movimento contra o terrorismo, por conta da tragédia do 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, estava no auge da sua comoção. A União Europeia tem uma tradição de cooperação não só com as FARC mas com os demais organismos da Colômbia para a solução do conflito em diversas instâncias. O que Iván Márquez está tentando da União Europeia é obter uma declaração de apoio ao processo de paz na Colômbia e conquistar o reconhecimento de que as Farc são uma organização política e não terrorista.”
Diogo Dario também explicou como os europeus contribuem para o processo de paz entre Colômbia e Farc:
“A União Europeia está prestando assistência humanitária e tentando formar lideranças comunitárias que possam implantar uma cultura de direitos humanos nas regiões marcadas pelos conflitos. Assim que o tratado for assinado, é provável que a Europa tenha uma participação mais ativa, devido ao seu grande know-how em mediação de conflitos, reintegração de ex-combatentes e tratamento de vítimas.”
Para Diogo Dario, a aproximação com a sociedade europeia tende a se consolidar:
“O mais importante para as Farc é obter o reconhecimento político. Quando a organização for aceita nesta condição, o seu partido, União Patriótica, ficará bem mais fortalecido.”