“Embora esses fundos sejam apenas 7% do total de credores, eles têm muito poder de negociação. Será muito difícil aceitarem algum tipo de desconto, a não ser que haja uma pressão, como dos Estados Unidos, para aceitar algum abatimento”, diz.
Amico afirma que o grande problema da Argentina hoje é a extrema necessidade de investimento externo para assegurar a retomada da economia. Sem acordo com esses fundos e os credores, o país fica impossibilitado de tomar tais recursos, ou então tem que pagar taxas de juros muito mais elevadas.
Em 2014, o juiz Thomas Griesa, da Corte de Nova York, congelou o pagamento de US$ 539 milhões que o Governo argentino prometera aos investidores que aceitaram a renegociação da dívida até que fosse pago o US$ 1,3 bilhão devido aos fundos abutres. Griesa chegou a determinar o congelamento de ativos do Banco Central argentino como garantia para esses pagamentos, o que provocou forte reação da Casa Rosada e até o parecer da Corte Suprema americana derrubando a determinação.
“Hoje, apenas 6% dos credores que concordaram com as condições de reestruturação da dívida, os chamados “me too” (“eu também”), teriam condições legais de pedir equiparação no pagamento”, observa o economista, para quem seja qual for o resultado da negociação a Argentina terá dois grandes desafios: se firmar um acordo com os fundos abutres e pagar o que reclamam, o país volta a ter acesso aos mercados de crédito internacionais, mas terá um aumento expressivo da sua dívida. Se não houver acordo, o país perde financiamento externo e terá que pagar taxas cada vez mais altas, como prêmio de risco aos financiamentos.
“Em 2017 e 2018, a Argentina terá vencimentos importantes de títulos da divida. O problema é que, se tomar empréstimos de curto prazo agora, terá que pagá-los em três ou quatro anos. Esse problema teve origem nos anos 90, quando se tomava dívida sem previsão de sustentabilidade dessa dívida no futuro. O Governo Macri não tem cautela com o endividamento em dólar”, finaliza o economista.