A emissora pública Deutschlandfunk referiu-se à campanha aérea de Moscou como decisiva, como tendo "mudado o jogo", e como sendo um "golpe duro" para Ancara.
Segundo a emissora, logo que os aviões russos realizaram suas primeiras missões contra o grupo terrorista Daesh, a liderança turca compreendeu que os planos que tinha para a Síria já não poderiam ser realizados.
"É impossível estabelecer uma zona de exclusão aérea no norte da Síria. Não será criada a zona de 120 quilómetros de comprimento e 20 quilómetros de profundeza na fronteira [da Síria] com a Turquia", notou Deutschlandfunk.
Os contatos da Rússia com os curdos sírios ainda agravam mais a situação para Erdogan: esta intensidade de contatos é "um pesadelo contínuo" para a parte turca.
Como é sabido, a liderança turca encara todos os curdos como uma ameaça para a segurança e a estabilidade da Turquia.
Ancara afirma estar realizando uma operação contra o terrorismo nas regiões do sudeste sírio, habitadas principalmente por curdos. Enquanto isso, a campanha militar turca contra o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK na sigla em curdo) já tinha sido várias vezes condenada como uma guerra civil e até mesmo um massacre.
Erdogan começou a operação em 2015, após o cessar-fogo que durou dois anos, com o objetivo de cumprir a sua agenda política, opinou a emissora alemã.
Além disso, a liderança turca falhou em garantir segurança da sua fronteira com a Síria, que os terroristas do Daesh usaram para contrabandear homens, armas e abastecimentos para os combates. Este fato fez levantar um grande número de questões para a Turquia e colocou a luta de Ancara contra o terrorismo, nomeadamente contra o Daesh, em uma perspectiva muito diferente.