Kissinger fez lembrar que entre 2007 e 2009 ele, juntamente com o político soviético e russo Evgeny Primakov (que chegou a ser primeiro-ministro), criou um grupo de discussão que incluiu políticos, altos funcionários e líderes militares aposentados da Rússia e dos EUA.
“Nós nem sempre concordamos, mas sempre respeitamos um ao outro. Todos nós e eu pessoalmente, como seu colega e amigo, tenho saudades dele [Primakov morreu em 2015],” escreveu.
O político norte-americano notou que por mais poderoso que um país possa ser, nunca conseguirá dominar todos os desafios externos por si próprio.
Kissinger vê razões para isso primeiramente na compreensão insuficiente da perspectiva histórica.
Para os Estados Unidos, segundo o ex-chanceler, o fim da Guerra Fria se tornou a prova da crença tradicional para América na inevitabilidade da revolução democrática e ampliação do sistema internacional baseada na supremacia da lei.
Mas a visão russa é diferente e mais complicada. Para o país que por muito tempo estava sob a pressão e enfrentou agressão do Ocidente assim como do Oriente, a segurança sempre terá não só fundação legislativa, mas também geopolítica.
“A tarefa que atualmente enfrentamos é unificar ambos os pontos de vista – legislativa e geopolítica – num conceito único”, escreveu Kissinger.
Segundo o político, as lideranças dos EUA e Rússia deverão resolver muitas divergências e notou que ambos estão interessados em parar a situação atual instável e inquieta e torna-la “no equilíbrio novo, mais multipolar e globalizado”.