Em entrevista à Sputnik Brasil, o especialista em políticas latino-americanas Roberto Santana explica que a insatisfação dos militares da reserva com o presidente equatoriano se deu após o Ministério das Finanças descobrir que um setor das Forças Armadas, de forma indevida, lucrou US$ 41 milhões na venda de alguns terrenos na cidade portuária de Guayaquil.
“Algumas entidades militares eram responsáveis por essa venda, e os US$ 41 milhões não retornaram ao Tesouro. Agora, o Ministério das Finanças está cobrando a devolução daquela quantia, o que acabou entrando em choque com uma parte dos militares da reserva que tem alguma ligação com a venda, realizada no ano de 2010, e com a administração dessas finanças.”
Segundo Roberto Santana, esse grupo de militares aposentados começou a soltar notas na mídia divulgando o conflito com o Ministério das Finanças, o que fez com que o Presidente Rafael Correa trocasse toda a cúpula militar para que não houvesse nenhum tipo de atrito entre partes distintas do Governo.
“Claro que a partir disso a oposição e boa parte da mídia monopolizada não só do Equador mas de toda a América Latina começaram a aumentar a história e divulgar que existe um grande conflito do Presidente Rafael Correa com as Forças Armadas, o que não condiz com a verdade do que realmente está acontecendo”, diz Santana.
Apesar das manifestações dos militares da reserva, o especialista não acredita que Rafael Correa corra institucionalmente algum risco: “Acredito que não, porque não há nenhum movimento das Forças Armadas contra o presidente. O que há é um pequeno imbroglio administrativo que tomou proporções maiores devido ao Governo de esquerda que vem sendo feito por Rafael Correa desde o ano de 2007, mas não há atrito com as Forças Armadas, muito pelo contrário.”
O especialista da UERJ não acredita que os militares da reserva façam alguma ação mais ousada contra o Governo de Correa, embora eles possam exercer algum poder político dentro de setores das Forças Armadas. Por isso o presidente do Equador pediu a ajuda dos aliados. “Já prevendo isso, e para evitar qualquer tipo de ameaça, Rafael Correa fez uma grande mudança em setores das Forças Armadas.”