Após seu encontro histórico em Havana com o Papa Francisco, líder da Igreja Católica Apostólica Romana, na sexta-feira, 12, o Patriarca Kirill, chefe da Igreja Ortodoxa Russa, seguiu para a sua viagem pela América Latina, que culminará no Brasil.
O Patriarca de Moscou e de Todas as Rússias desembarca em Brasília na sexta-feira, 19, passa o sábado, 20, no Rio de Janeiro, onde vai celebrar atos religiosos junto ao Monumento do Cristo Redentor, e no domingo, 21, estará em São Paulo, última etapa de sua viagem pelo Brasil.
Sobre o encontro dos dois líderes máximos, católico e ortodoxo, e sobre a vinda do Patriarca Kirill ao Brasil, Sputnik ouviu o Padre Anatolie Topala, da Igreja de São Sérgio de Radonej, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, e vigário para as oito Paróquias da Igreja Ortodoxa Russa em funcionamento no Brasil.
Anatolie Topala destacou o caráter histórico e político do encontro de Kirill e Francisco e acentuou que se trata “de um primeiro passo muito importante para reconciliar estas duas vertentes do Cristianismo”.
“Sem dúvida, foi um encontro e um acontecimento histórico, já que é o primeiro em mais de mil anos de existência da Igreja Ortodoxa Russa, e também pela declaração conjunta que foi assinada pelo Santíssimo Patriarca Kirill e o Papa Francisco”, comentou o Padre Anatolie Topala.
O religioso ortodoxo lembra que, “em primeiro lugar, eles trataram do assunto da perseguição aos cristãos no Oriente Médio, especialmente na Síria, no Iraque e na África do Norte”.
“Os movimentos islamistas fazem com que os cristãos se retirem para outros países ou sejam perseguidos e mortos só por serem cristãos. Um dos grandes problemas e um dos temas que eles [o Papa e o Patriarca] discutiram é como resolver essa questão mais rapidamente.”
A declaração assinada em Havana tem 30 pontos, e no 13.º o Patriarca e o Papa afirmam que nessa época turbulenta é necessário o diálogo inter-religioso.
“As diferenças em alguns pontos dogmáticos podem impedir os representantes de crenças diferentes de viver em paz e harmonia, mas ninguém pode matar em nome de Deus.”
Os dois líderes máximos da Igreja Católica Romana e da Igreja Ortodoxa Russa também trataram dos valores tradicionais cristãos, como a família, “que é o centro natural da vida e da sociedade. Eles se disseram preocupados com a crise da família em vários países e trataram do matrimônio, já que ele é o fundamento das famílias e da sociedade.”