Na terça-feira (16), poucas horas antes da votação no parlamento sobre a dissolução do gabinete dos ministros, os ucranianos tinham a certeza de que o governo de Arseny Yatsenyuk finalmente deixaria de existir: o seu nível de popularidade estava extremamente baixo e a pressão sobre o presidente da Ucrânia, Pyotr Poroshenko, forçado a pedir sua renúncia, não cessava de crescer.
No entanto, destaca Foreign Policy, quando tudo parecia estar certo, a campanha contra o primeiro-ministro ruiu minutos antes da votação, deixando todos "boquiabertos". Segundos antes, com o parlamento pronto para aprovar a moção de desconfiança ao governo de Yatsenyuk, dezenas de deputados de diversos partidos, ligados aos oligarcas Rinat Akhmetov, Igor Kolomoyski e Victor Pinchuk, deixaram subitamente a câmara, deixando a votar a dissolução do gabinete.
Mais do que isso, quase 30 deputados do partido de Poroshenko se recusaram a votar a saída dos ministros. Por fim, a iniciativa obteve 194 votos dos 226 necessários, e Yatsenyuk e seu gabinete mantiveram os cargos sem sequer gerar grandes transtornos no parlamento.
"As elites oligárquicas ucranianas, envolvidas em subornos, puderam celebrar a sua última e maior vitória contra as forças reformistas desde a revolução de 2014" – escreve Foreign Policy.
O ocorrido comprovou mais uma vez o que todos já sabiam: a corrupção floresce no interior de todos os partidos da Ucrânia. As forças corrompidas cooperam perfeitamente entre si, mesmo quando desprovidas de alianças formais, destaca o artigo.
Segundo o jornal, o real motivo do fracasso das reformas na Ucrânia reside no Ocidente, que ofereceu a Kiev volumes nada modestos de recursos em forma de crédito e ajuda financeira, sem exigir quaisquer mudanças reais em troca.
"Se essa farsa não cair, o sistema seguirá simplesmente se replicando sem nunca mudar – e as esperanças de mais uma revolução ucraniana terão sido traídas" – conclui a publicação.
Em total, a situação é assim: enquanto a Suprema Rada na terça-feira (16) não conseguiu demitir o governo liderado pelo primeiro-ministro Arseny Yatsenyuk, o Parlamento reconheceu o trabalho do governo como insatisfatório. O fracasso da votação para a renúncia do gabinete tem causado discordância na coalizão atual e provocou uma crise parlamentar. As facções Pátria e Autodefesa anunciaram sobre a saída da maioria parlamentar. Sem essas facções a coalizão não tem votos suficientes para aprovar leis.