Os choques coincidem com o segundo aniversário do dia mais sangrento do Euromaidan, um movimento de protesto político que resultou no golpe de fevereiro de 2014.
"Estou testemunhando confrontos entre o Setor de Direita e a Guarda Nacional. Os ativistas do Setor de Direita nos disseram que estavam tentando trazer barracas para a praça [para que] os manifestantes pudessem ficar quentes», informou um correspondente do News One ucraniano no sábado.
O sábado marcou o aniversário do dia mais sangrento dos confrontos entre manifestantes e a polícia, com mais de cem pessoas mortas, incluindo cerca de vinte policiais, mortas entre 18 de fevereiro e 21 de fevereiro de 2014.
No começo do dia de ontem, os nacionalistas reunidos na cidade atacaram as filiais de dois bancos russos – o Sberbank e o Alfa-Bank. Os manifestantes atiraram pedras e quebraram várias janelas em uma agência de Sberbank, enquanto outros invadiram o prédio do Alfa-Bank e destruíram o seu interior com barras de metal, relatou o canal RT.
Mais tarde, os nacionalistas reuniram-se fora do escritório do oligarca Rinat Akhmetov, em frente ao edifício do Ministério do Exterior da Ucrânia, atirando pedras, e cantando «Revolução, Revolução» enquanto a polícia montava guarda.
No final da tarde, centenas de manifestantes anti-governamentais, incluindo membros do Setor de Direita e outros paramilitares, muitos dos quais estiveram envolvidos em combates no Leste do país, bloquearam Khreshchatyk, a rua principal da capital ucraniana e marcharam para a Praça da Independência, convidando os moradores de Kiev a iniciar um ataque aberto.
Além disso, segundo a mídia local, cerca de 50 homens em uniformes militares das 'Forças de Direita Radicais’, uma amálgama de organizações de extrema-direita do país, tinham assumido o controle do Hotel Kazatskyy, com vista para a Praça da Independência, e estabeleceram o seu quartel-general lá.
Na mesma praça, os manifestantes realizaram uma «assembleia popular», fazendo discursos e ameaçando o primeiro-ministro Arseniy Yatsenyuk com um "tiro na cabeça".
«Desejamos o diálogo. Queremos discutir o que eles [o governo] têm feito ao longo dos últimos dois anos e que eles vão fazer, o seu plano de ação e como eles veem o nosso futuro. Se não houver resposta, vamos ficar mais uma noite, e uma terceira. Será uma ação pacífica, uma procura de diálogo", disse um manifestante, de acordo com o portal de notícias ucraniano UNN.
O jornal russo Kommersant informou que os ativistas irão realizar outra «assembleia popular» no domingo à noite, na qual os manifestantes deverão fazer exigências, "incluindo a renúncia do governo».
Em declarações ao jornal, Ruslan Bortnik, diretor do Instituto Ucraniano de Análise e Gestão de Política, disse que, por enquanto, a situação permanece calma, mas complexa. "Se as autoridades não conseguirem resolver a situação rapidamente e pacificamente, podemos vir a testemunhar protestos em grande escala", frisou o especialista.