“Até o meio-dia [horário local] de 26 de fevereiro todos os lados que lutam na Síria devem confirmar a nós e aos parceiros americanos o seu apego ao cessar-fogo. Os militares russos e americanos, em conjunto, marcarão nos mapas os territórios onde atuam os grupos semelhantes. Contra eles não serão efetuadas as operações de combate das Forças Armadas da Síria, Força Aeroespacial da Rússia e coalizão dos EUA”, disse o diplomata na quarta-feira (25) na conferência “Oriente Médio: Da Violência à Segurança” no quadro do clube de discussão Valdai.
Na segunda-feira (22) foi publicado uma declaração conjunta dos EUA e Rússia sobre a Síria segundo a qual a trégua entre as forças governamentais da Síria e grupos armados da oposição deve entrar em vigor a partir de 27 de fevereiro. Porém, a dita trégua não será aplicada às organizações Daesh, Frente al-Nusra (ambas proibidas na Rússia) e outras formações reconhecidas como terroristas pela ONU.
Esta é mais uma tentativa de pôr fim à guerra civil no país, iniciada em março de 2011 e que resultou em mais de 4 de milhões de pessoas refugiadas e desalojadas, além de um número de mortos que, para organismos como a ONU, atinge 250 mil. No quadro deste conflito sangrento o governo do país luta contra facções de oposição e contra grupos islamistas radicais como o Daesh (também conhecido como “Estado Islâmico”) e a Frente al-Nusra.
O grupo terrorista Daesh (proibido na Rússia e reconhecido como terrorista pelo Brasil) autoproclamou-se "califado mundial" em 29 de junho de 2014, tornando-se imediatamente uma ameaça explícita à comunidade internacional e sendo reconhecida como a ameaça principal por vários países e organismos internacionais. Porém, o grupo terrorista tem suas origens ainda em 1999, quando um jihadista da tendência salafita, o jordaniano Abu Musab al-Zarqawi, fundou o grupo Jamaat al-Tawhid wal-Jihad. Depois da invasão norte-americana no Iraque em 2003, esta organização começou a fortalecer-se, até transformar-se, em 2006, no Estado Islâmico do Iraque. A ameaça representada por esta entidade foi reconhecida pelos serviços secretos dos EUA ainda naquela altura, mas reconhecida secretamente, e nada foi feito para contê-la. Como resultado, surgiu em 2013 o Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que agora abrange territórios no Iraque e na Síria, mantendo a instabilidade e fomentando conflitos.