O Ministério Público Federal e a Polícia Federal executaram nesta sexta-feira, 4, a 24.ª fase da Operação Lava-Jato. O que mais chamou a atenção nesta fase foi a condução coercitiva que a Polícia Federal aplicou ao ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, levando-o para depor na Sala de Autoridades do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Chegou-se a cogitar, inclusive, que o presidente poderia ser levado para prestar depoimento na sede da Polícia Federal em Curitiba, no Paraná, o que não aconteceu.
Segundo o Ministério Público Federal, Lula foi chamado a prestar esclarecimentos por haver “evidências de que o ex-presidente recebeu valores oriundos do esquema Petrobras por meio da destinação e reforma de um apartamento tríplex, no Guarujá, e de um sítio em Atibaia, além da entrega de móveis de luxo nos dois imóveis e da armazenagem de bens por transportadora”.
O Deputado Federal Paulo Teixeira (PT-SP), que acompanhou Lula no depoimento prestado à Polícia Federal, disse à Sputnik Brasil que ele e o Partido dos Trabalhadores estão indignados com o “grande aparato montado para conduzir Lula coercitivamente”. Na opinião do parlamentar, não havia necessidade de tamanha mobilização:
“Foi um abuso, uma ilegalidade, uma operação sem base jurídica com muita narrativa política”, disse Paulo Teixeira. “Espero que o Parlamento e o Judiciário brasileiros coíbam este tipo de comportamento. Se o Ministério Público e a Polícia Federal queriam ouvir o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, bastaria enviar o convite e ele compareceria para depor. De modo que todos nós, do PT, estamos indignados. O Presidente Lula foi submetido a uma indignidade e a um grande constrangimento.”
Já o Deputado Roberto Freire (PPS-PE), presidente nacional do seu partido, também ouvido pela Sputnik, explica:
“Esta espetacularização montada para a condução coercitiva do ex-Presidente Lula à Polícia Federal deve-se a vários fatores”, comentou Roberto Freire. “Um deles era o receio das autoridades de que Lula não comparecesse ao depoimento, assim como havia deixado de comparecer a um outro depoimento, também em São Paulo, perante o Ministério Público Estadual. Lula se submeteu ao cumprimento de uma etapa da apuração judicial e, portanto, não há nada de político no tratamento que lhe foi dado pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal. Se o PT está alegando isso, é porque sabe muito bem que não há como defender determinadas situações que envolvem seus nomes de destaque.”