No entanto, a realeza saudita aparentemente nunca ouviu o provérbio chinês que diz: “Antes de iniciar uma jornada de vingança, cave duas covas.”
A aposta irresponsável de Riad acabou voltando-se contra a Arábia Saudita e seu povo, afirma o cientista político russo Petr Lvov.
“Riad decidiu que não tinha rivais em posição para punir Moscou por seu persistente apoio ao povo sírio e sua luta para desenvolver relações bilaterais com o Irã e até com o Iraque, países que podem formar um arco xiita capaz de desafiar e até mesmo destruir a tirania do regime saudita”, escreve Lvov em seu artigo para o New Eastern Outlook.
Lvov chama atenção para o fato de que em 2016 Riad quase ficou sem dinheiro e não conseguiu pagar o suficiente nem nos empregos de imigrantes. Outros reinos do Golfo dependentes de petróleo agora estão no mesmo barco que a Arábia Saudita.
“Para piorar, trabalhadores imigrantes estão cada vez mais frustrados com os países do Golfo”, aponta Lvov, alertando para possíveis conflitos sociais entre trabalhadores locais e imigrantes nas monarquias do Golfo.
“No Catar, há sete trabalhadores imigrantes para cada nativo, enquanto nos Emirados Árabes Unidos a proporção é de seis para um. É seguro afirmar que o exército e a polícia ficarão sem saída se centenas de milhares de pessoas forem às ruas. Na verdade, uma ameaça de ‘revolução’ paira no ar.”
“A Arábia saudita vai voltar a um status quase de terceiro mundo medieval”, diz o americano.
Em vez de iniciar uma perigosa corrida por petróleo, Riad deveria ter diversificado sua economia. Para complicar, a volta do Irã ao mercado faz com que Riad tenha mais dificuldade para manipular o preço do petróleo.
“No entanto, quando as sanções contra o Irã forem retiradas, Teerã vai lutar por seu pedaço no mercado aumentando a produção e os níveis de exportação. Com uma demanda enorme nos mercados internacionais, especialistas temem que haja mais uma queda nos preços”, diz Lvov.