«Depois de o avião da Força Aérea síria ser derrubado, um piloto catapultou-se e pousou na vila de al-Magir, controlada pelo exército. O segundo piloto tentou fazer uma aterrissagem de emergência no aeródromo militar de Hama. A aterrissagem fracassou e o piloto morreu», disse uma fonte militar à Sputnik.
Foi publicado um vídeo, cuja autenticidade ainda não foi estabelecida, onde se vê o avião abatido, mas Al Masdar observou que "um olhar mais atento não mostra quaisquer sinais de que o avião de guerra tenha sido atingido por armas antiaéreas."
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, por sua vez, afirmou que os militantes dispararam contra o jato com dois mísseis guiados por detetor de calor. Um dos mísseis teria explodido no céu mas o outro atingiu o avião, o abatendo imediatamente.
Comentando estas informações contraditórias, o jornalista russo e analista militar Vladimir Tuchkov fez lembrar a entrevista recente do ministro saudita das Relações Exteriores Adel al-Jubeir ao Spiegel alemão, em que o ministro anunciou que Riad estava pronto a enviar sistemas de mísseis terra-ar portáteis para a Síria para ajudar os rebeldes «moderados", aguardando a aprovação de Washington.
"O ministro saudita, obviamente, estava falando sobre o fornecimento dos FIM-92 Stinger aos rebeldes afegãos. Naquela época a aviação soviética sofreu graves perdas devido aos MANPADS [sistemas de defesa aérea portáteis] norte-americanos».
Se for confirmado que o avião sírio foi abatido por um míssil terra-ar, as questões que se colocam são: que tipo de míssil foi e será que estas armas poderão representar uma ameaça para os aviões russos que operam na Síria?
Comentando o anúncio do ministro das Relações Exteriores saudita, no mês passado, Nic Jenzen-Jones, diretor da consultoria de inteligência técnica da Armament Research Services, disse ao Times britânico que os sistemas de mísseis poderiam "representar uma ameaça notável [somente] às aeronaves do governo sírio, especialmente às e asa rotativa," (isto é, helicópteros). "Do ponto de vista técnico, os tipos de MANPADS ou outros mísseis superfície-ar que a Arábia Saudita possa ter fornecido… terão provavelmente uma eficácia limitada contra alguns dos modernos aviões de combate russos que operam na Síria».
Tuchkov, por sua vez, explicou que, mesmo que os militantes tenham sido equipados com as últimas versões de mísseis dos EUA, os aviões e helicópteros russos, em qualquer caso, têm sistemas de contramedidas capazes de neutralizá-los.
«Os helicópteros russos Mi-24 na Síria foram equipados com o sistema de defesa mais recente, o President-S, que entrou em produção no ano passado," disse o observador militar.
"As aeronaves equipadas com o President-S» são invulneráveis aos MANPADS contemporâneos; mesmo se falarmos de um helicóptero pairando no ar nas proximidades do atirador, o míssil não vai atingir o alvo. O sistema é capaz de rechaçar não só mísseis guiados por IV e UV, mas também os guiados por radar».
"O que faz o sistema verdadeiramente invulnerável é o sistema de bloqueio óptico-electrônico a laser… O laser ligado 'mascara’ o míssil e o faz perder a sua capacidade de acompanhar o alvo», explicou Tuchkov.
O complexo, eficaz a distâncias entre 500 a 5000 metros, é capaz de desviar simultaneamente dois mísseis, com um intervalo de azimute de 360 graus, e um ângulo de elevação de 90 graus. No modo de espera, o sistema consome 3 kW e 6kW durante uma operação.
O president-S é um novo sistema, observou o analista militar. Assim, a sua entrega foi priorizada para as aeronaves mais vulneráveis aos ataques dos MANPADS — nomeadamente os helicópteros (incluindo o Mi-28, Ka-52 e Mi-26) e o avião de transporte militar IL-76. No futuro, os elementos do sistema, que também equipam o avião presidencial russo, serão aplicados não só na aviação tática, mas também na aviação de transporte e aviação civil.