Na Ucrânia, o ciclo de protestos centrados em torno da Praça Maidan de Kiev no final de 2013 e início de 2014 – movimento também conhecido como Euromaidan – foi comprovadamente orientado e financiado por agências norte-americanas e europeias, terminando com um golpe de Estado que levou ao poder um presidente alinhado aos interesses ocidentais.
Ontem, protestos tomaram as ruas em diversas cidades brasileiras após a divulgação ilegal do grampo de uma conversa telefônica entre a presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula – que, aliás, não fornecia absolutamente nenhuma evidência de conduta criminosa por parte de nenhum dos dois.
os brasileiros vão ter q se inspirar no Maidan e na Primavera Árabe, ja q presidenta n quer sair a gnt vai ter q forcar-la #QuedaDoPlanalto
— gabiri (@horanfences) 17 de março de 2016
tem gente invocando maidan aí e vocês dando mole, apoiando golpista, sendo sectário. quando rolar a ucrânia brasileira eu quero ver.
— ursinho boladão (@alojulia) 17 de março de 2016
Somado ao anúncio de que o líder petista voltaria ao Planalto na condição de ministro de Dilma – o que foi visto pelos manifestantes como uma forma de o ex-presidente se furtar às investigações da Lava Jato –, não faltaram manifestações de radicalização, violência e perseguição contra pessoas contrárias à pauta do impeachment.
Av. Paulista tem manifestação pró-impeachmentGrupos se reúnem na Av. Paulista para pedir impeachment de Dilma e criticar nomeação de Lula como ministro da Casa Civil. Confusão com apoiadores do governo deixou dois feridos.
Posted by CBN on Wednesday, March 16, 2016
Em Maidan, também se dizia que o movimento devia ser “sem partido”. Políticos também foram hostilizados e agredidos pelos manifestantes.
#Kiev : l’extrême droite appelle les Ukrainiens au rassemblement sur Maïdan https://t.co/agvr8ILIn8 pic.twitter.com/ZJ4IF2xzo6
— RT France (@RTenfrancais) 22 de fevereiro de 2016
Lá, grupos de orientação neonazista, como o Pravy Sektor (“Setor de Direita”), saíram fortalecidos e cometeram impunemente uma série de atrocidades, como o incêndio criminoso da Casa dos Sindicatos de Odessa, que matou pelo menos 48 pessoas.
#UCRANIA NAZIS de Pravy Sektor obligan a dimitir a los jueces que llevaban el caso de la masacre de #Odessa pic.twitter.com/t5IXeY7R23
— Undebateenmicabeza (@AltoyClaro1) 3 de dezembro de 2015
As diferenças entre o Brasil e a Ucrânia são enormes, não há dúvidas. No entanto, em tempos de tamanha crise do Estado democrático de direito, os perigos de se ignorar o fascínio crescente pelo fim da política e pela solução armada são muito maiores. O que move os patriotas que convocam uma Maidan em Brasília? Mais que isso: quem se beneficia com a convulsão social?
Brasil a caminho de virar uma Ucrânia, próximo passo é guerra civíl para mudar o regime e controlar petróleo, aquíferos e entrar no TPP.
— PSR - Notícias (@psr_noticias) 17 de março de 2016
Convulsionar a sociedade brasileira em cima de inverdades, de métodos escusos, de práticas criticadas, viola princípios e garantias constitucionais, viola os direitos dos cidadãos e abre precedentes gravíssimos.
Posted by Dilma Rousseff on Thursday, March 17, 2016